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Artigos

  • Estopim aceso

    A primeira mensagem de Bin Laden em 2008, e no aniversário da ocupação do Iraque propõe novas regras para o apocalipse a que quer condenar o Ocidente. Anuncia condicionantes claros, ao invés do horror sem volta em que a “civilização do medo” se constituiu desde 11 de setembro. São esses também os dias em que os mortos de Manhattan se equilibram ao dos soldados americanos que não voltarão do Iraque. O saudita ameaça a Europa de uma nova e generalizada ação terrorista se se repetirem as caricaturas do Profeta na seqüência do primeiro choque de 2006.

  • O segundo da sobrevivência

    A discussão da violência não pode ficar no âmbito geral dos desequilíbrios sociais e econômicos das nossas megalópoles. Deparamos um quadro específico do Rio de Janeiro que não só agudiza o problema, mas exige uma consciência carioca, quase que como o das velhas “defesas passivas”, nas situações de calamidade de guerra e bombardeio. A banalidade da morte é o reconhecimento atroz deste estado de fato, que grita por uma cultura da sobrevivência, que ainda não chegou ao nível desta nossa cidadania permanentemente ameaçada.

  • Enfim, a Europa americana

    Todos os jornais da Europa Ocidental exibiram, há 48 horas do pleito italiano, a figura rotunda de Silvio Berlusconi, já tão para além do ícone, escarrapachado no seu sofá e no não dizer nada, com uma tranqüilidade constrangedora. As frases se arrastam fora do tempo numa agenda do óbvio e dos recados de folhinha e aniversário. O “Cavaliere” acena com o perigo do comunismo, com o afrouxo dos impostos, evidentemente com a certeza da “pax americana”, que gostaria se perpetuasse com o presente Salão Oval.

  • Bento XVI - Direitos Humanos e terrorismo

    O Papa Bento XVI marcou junto às Nações Unidas um avanço irreversível na consciência dos Direitos Humanos para o nosso tempo. Declarou que os problemas e os desafios à segurança internacional não poderiam ser objeto de discussão apenas pelos militares. E especialmente no julgamento de indigitados terroristas. Ou melhor, do seu não julgamento, tanto já lá vão para três anos a demora nas prisões de Guantánamo de mais de quatrocentos afegãos e iraquianos, detidos quando da invasão americana, na virada do século, em Kabul.

  • O Paraguai de Lugo e o Brasil de Lula

    Fernando Lugo, eleito presidente no Paraguai, dá conta, ainda que atrasado, do profetismo da mudança que o Vaticano II viveu com a ação da Igreja na América Latina. È solitariamente também que o faz, ao contrário do que no Brasil permitiu o fenômeno conjunto da mobilização com as estruturas sindicais e de toda aspiração dos excluídos, organizada de forma inédita pelo PT.

  • Guerra santa e subversão democrática

    O número 2 da Al-Qaeda, al-Zawahiri, acaba de atacar o líder do Hamas por pedir um referendum sobre a posição dos palestinos quanto a estabilização da Faixa de Gaza e eventualmente a um acordo final com Israel. El Mouwal quer de fato uma virada de página, e sobretudo, de geração quanto á uma promessa de paz que há meio século desapareceu do Oriente Médio. E, significativamente, a proposta da maior liderança palestina vem acompanhada do apoio do Presidente Carter num empenho determinado, de superar a síndrome devastadora do 11 de setembro.

  • Terceiro mandato: a gula e o golpe

    Não temos precedentes desta popularidade presidencial, em meio a um segundo mandato, desalentando toda a chance de uma oposição, na expectativa clássica da usura dos governos. Só aumenta, neste momento, a previsão da subida de Lula nesta identidade de um Brasil de fundo com o Chefe da nação. E nos questionários deste suporte maciço, não se salientam programas específicos, mas esta sensação de melhoria geral, no vínculo simbólico ao "Lula lá".

  • Obama já virou a página

    Os resultados das primárias da Carolina do Norte e de Indiana mostram como os Estados Unidos já viraram uma página decisiva, na reafirmação da sua democracia profunda. O sucesso de Obama, para espanto do mundo, é o desse arraigamento no eleitor americano, do que seja, de fato, ir às urnas na convicção do peso individual do seu voto. E assistimos agora ao começo desse plebiscito de base, em que o país de Jefferson e Lincoln confronta a hegemonia de Bush, a ocupação do Oriente Médio e a “civilização do medo”. Independentemente do resultado final, lances da candidatura do senador de Illinois derrubaram o que se pensava fossem preconceitos irrevogáveis do país, e o enrijecimento definitivo do seu conservadorismo.

  • A oposição, irrelevante e inaudível

    Em boa hora o senador Marco Maciel, paladino de nossa democracia profunda, veio à cobrança de um desempenho de relevo e sentido para o DEM. Reclama-lhe uma visão consistente de oposição para além do oportunismo imediato, mais que deplorável, e desatenta à disciplina e ao jejum a longo prazo, para qualquer volta ao poder. O senador tem noção da distinção cada vez maior do país que emerge às algaravias que tornam inaudíveis, hoje, as idas à tribuna do anti-governo, na rotina do Congresso.

  • Saindo do imobilismo ecológico

    Poucos, como Marina Silva, marcaram a cara do governo, desde as falas e promessas de 2003. O Planalto se reforçou desta referência internacional ganha pela Ministra, na perspectiva mais rigorosa da preservação ambiental. Sua convicção arraigada desmontou os temores e utopismos, a chegar, então, ao pedido de internacionalização da Amazônia.

  • Democracia e consensos perigosos

    Chega à fadiga, de vez, a investigação sobre os cartões de crédito corporativos, na ladainha de suspeitas e denúncias desfocadas, há meses, da oposição. As manchetes continuam nas diatribes sonâmbulas, e nas lentes de um probatório, por sua vez, já resultante de um fato novo no amadurecimento democrático do país. Ou seja, da entrada para valer da Polícia Federal no dossiê dos notáveis, derrubadas as fortalezas de impunidade do Congresso. Mas é dentro de que prospectiva, que o Brasil da mudança – e da sua consciência – vai à busca e à defesa da nova prosperidade e, sobretudo, da sua garantia democrática?

  • O simples dizer de Zélia

    Não temos, talvez, exemplo de casal como Jorge Amado e Zélia Gattai, na imagem que lhe quis dar a escritora que viemos de perder. É invariável a vinheta que nos deixou, entre viagens mil, o meio século da convivência exuberante no Rio Vermelho, em Salvador. Dele nasceu a escritora temporã, no seu dizer de ficar, em nossa literatura. Aí estão as histórias infantis, crônicas e romances. Mas Jorge cobrou da mulher, de logo, o estilo único da reminiscência, no seu relato fundador da chegada dos Gattai ao Brasil.

  • Direita e direitos humanos

    Os meados do ano mostrariam paradoxos frente ao que deveria ser o recado de maio de 68: a consolidação de uma consciência universal pelos direitos humanos. Aí está a manifestação dos "gujeratis" na Índia, pedindo para serem rebaixados de casta, de modo a poderem fazer jus a melhor subsídio no sistema, que os aproxime dos párias. Ou seja, os intocáveis de há milênios, e cuja permanência é a maior bofetada à idéia de igualdade entre os homens, que pede o século XXI. Esquecemo-nos de como a segunda maior população do mundo deu as costas à modernidade, e que transforma o imperativo da justiça social num jogo quase cínico de indenização, por se submeter ao regime de castas, e se conformarem ad eternum com esta mecânica da abjeção social.

  • Consenso e mudança no Palácio do Planalto

    O ministro José Múcio está emprestando ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social uma dimensão crítica para o seu papel, nesta etapa de maturação do sucesso do governo Lula. Impõe-se a ampla avaliação destes rumos e riscos. Não temos precedentes de uma popularidade presidencial em meios a um segundo mandato, de par com o sucesso de uma política de mudança. Nesta mesma condição, o Conselho ausculta a complexidade crescente do sistema, que é o fruto do próprio processo, e a exigir novos cenários para o seu avanço.