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Artigos

  • Do 'Cansei' ao virar a página

    D. Odílio Scherer negou-se a ceder a Catedral de São Paulo ao movimento do "cansei". Frustrou-se o intento arqueológico das marchas com Deus e pela família, quando o Brasil de GouIart surgia como um repto ao establishment, forrado no clássico fundamentalismo cristão anticomunista.

  • Opinião: Paciência para o terceiro mandato

    Num primeiro pronunciamento amplo antes da convenção do PT, Lula não deixa dúvidas quanto à estratégia pensada para a legenda e seu próprio futuro. O ponto de partida é o fenômeno inédito da permanência da popularidade presidencial, não obstante a quebra do partido, o indiciamento do mensalão e o massacre mediático cíclico do Planalto. Na área externa não se poupa o confronto com Chávez, o rival a longo prazo no continente. A permanência indefinida no poder - frisa Lula - leva a constituição de "ditadorzinhos", num claro recado a Caracas.

  • Protesto e excesso democrático

    O governador Vilela determinou a interrupção da Parada do dia 7 de setembro em Maceió; diante da invasão da avenida pelos funcionários públicos. Não tínhamos até hoje a Chegada do protesto à afronta limite aos símbolos nacionais. O gesto de confronto, de tão ousado, ficou ainda no limbo da sua verdadeira intenção. Vilela se teria precipitado no desfecho. Tratava-se, tão-só, de pedido de interlocução ao chefe do governo, prevendo, inclusive, a associação dos manifestantes ao desfile. A ação afirmativa entraria, por aí mesmo, numa zona gris de perplexidades, que põe em causa o avanço democrático do país. Vai-se logo às últimas conseqüências nestes dias, tal como, muitas vezes, é errática a proposta mobilizadora.

  • Newton Sucupira e a universidade profunda

    Com o falecimento de Newton Sucupira perdemos o remanescente dos educadores brasileiros responsáveis pela efetiva criação de uma política pública nesta área crítica de nosso desenvolvimento. Superando o velho idealismo das nossas elites passávamos, Anísio Teixeira à frente, à realidade da nossa mudança.

  • A aposta tranqüila de Renan Calheiros

    Os dias após a absolvição de Renan suscitaram interrogar todo o país quanto à suportabilidade do desfecho e aos limites de um mal-estar nacional. O inconformismo começa pela rebeldia do próprio aparelho institucional, com reflexos sobre a Carta Magna, da desobediência pelas oposições do seu dever no legislativo. Que respeito ao Estado de Direito é esse, diante de procedimentos democraticamente realizados, em rigorosa observância de suas maiorias? Não há greve no parlamento. Negar-se a votar ou dar quórum pelos formalmente derrotados implica lesão da República, tanto fere o ato de governar. De outra parte, ao lado do bom senso institucional a prevalecer, o país dá-se conta dos extremos da pressão coletiva dentro do jogo democrático. Deparamos a pressão direta por todos os meios de comunicação sobre o Presidente do Senado, no quadro já de apelo à sua consciência, ou à preservação de sua imagem avaliada e reavaliada pelo primeiro interessado. O futuro imediato é imprevisível, tendo-se em vista, tanto os novos desafios da modernidade ao protesto coletivo, quanto o ineditismo da figura política de Renan Calheiros. É em vão que se imaginará, por exemplo, que a enxurrada de e-mails e a onda eletrônica terão o impacto devastador previsto sobre o absolvido.

  • O recado e a tentação do Equador

    A vitória de Rafael Correa nas eleições para a Assembléia Constituinte do Equador vai ao fundo desta nova virada de página da América andina começada pela Venezuela, no confronto entre o centro e a periferia num mundo hegemônico. O regime democrático transformou-se na plataforma para a largada dessa legitimidade política nesta ruptura com o status quo, e a densidade do voto opção que hoje associa Caracas, La Paz e Quito.

  • Sarney, Caracas e o Senado viril

    José Sarney tomou a si, afinal, responder a injúria continuada do governo de Chávez contra o Brasil. Não há precedentes da repetição de agressões contra o país concentrada no Senado a ser chamado de lacaio ou serviçal do imperialismo e das concertações de Washington. Não temos precedentes de uma escalada verbal que vai a órgão da soberania nacional exatamente responsável pela última chancela à nossa política externa.

  • O terrorismo do ano novo

    O assassinato de Benazir Bhutto marcou neste fim de ano uma nova face do terrorismo, típico da “civilização do medo” em que entramos no novo século. Na tragédia emergem interrogações inéditas quanto a esta conduta extrema, sua previsibilidade, sua autoria e o que se pode esperar deste universo hoje tão remoto a qualquer cultura da paz.

  • As instigantes lições de Iowa

    A prospectiva do voto americano em 2008 começou pelo cáucus de Iowa. Claro, trata-se de Estado atípico, de pouca importância no entrelaço das correntes políticas do país. Não se pode extrapolar das primeiras vitórias nenhuma projeção para a escolha final dos competidores. Os resultados não servem de rampa para a candidatura Obama, nem dão a Huckabee qualquer cacife para avantajar-se entre os republicanos, como um fundamentalista evangélico. Mas o retrato de Iowa define já o panorama de fundo, quanto às tendências dos dois partidos, independentemente dos nomes em que concentrem a sua opção.

  • De Bush à mudança impossível

    Os comentaristas do pleito americano têm se desdobrado na busca da palavra-chave que tem levado à mobilização madrugadora e maciça do desejo de votar neste marco crítico de 2008. A mudança soma todos esses chamados, mas sem esquivar-se ao paradoxo desse apelo. É como se uma onda de inconformismo no imenso inconsciente social dos Estados Unidos se desse conta da inércia de sua prosperidade, presa cada vez mais à convenção do seu futuro.

  • Urgências Nacionais e Reforma Universitária

    Não sem razão, o governo colocou no seu centro agora o problema da reforma universitária. Nele se entrechocam o idealismo renitente e a fome do agora; a combinação paradoxal entre o indicador, talvez, mais largo da mudança e o que de imediato se requer – até em prazos mínimos – para dar vigência à tarefa. Retomamos, de década em década, o grande propósito. Não existirá, talvez, política pública em que o balanço do que se conquista exponha-se à tentação de um recomeço e do querer fazê-lo cada vez melhor, num coeficiente utópico que se passe como um anel, de mão a mão, entre as gerações.

  • No âmago dos conflitos do século XXI

    O fórum da Aliança das Civilizações, em Madri, deu início à nova etapa da preocupação das Nações Unidas com a profundidade dos conflitos globais, emergentes em nosso tempo. Da amplitude da hegemonia americana, levando às guerras preemptivas, à irrupção cada vez maior do terrorismo, desgarrado inclusive da Al-Qaeda, para a expressão sombria de um “mal-estar” crescente do inconsciente coletivo islâmico. A Aliança quer vencer a tentação, na diretriz do novo Comissário Geral, Jorge Sampaio, ex-Presidente de Portugal, do mero voluntarismo internacional, ou da retórica das boas intenções, impotentes no mundo prefigurado pela queda das torres de Manhattan.

  • Esquerda e alternativa na Europa

    O começo do ano cumula surpresas no cenário político europeu, acomodado, a partir da Alemanha e da Itália, ao status quo, por maiorias milimétricas consentidas. Tratavam-se de cautelas temporárias na confiança, ainda, de verdadeiras mudanças, ou do começo de conformismo a um regime sem alternativas à vigência de verdadeiras esquerdas? A demissão do primeiro-ministro italiano, pela estrita imprudência estratégica de Prodi, levará à inviabilidade de qualquer remendo da mesma ordem, e à aceleração das campanhas eleitorais, a que se prepara, gulosamente, o retornismo da direita na Península.