A reunião em Brasília da primeira Cúpula Árabe-Latino-Americana demonstrou, no êxito e nos percalços, toda uma nova fronteira para a presença internacional das periferias do antigo Terceiro Mundo. Marcou, ao mesmo tempo, essa nossa indiscutível liderança externa, a que Lula tem dado o melhor de nossa visibilidade no após 11 de setembro, e da dita "civilização do medo". A deselegância Argentina, no rompante da saída de Kirchner, só confirmou o desconforto com o paroquial, no rompimento de nossas cláusulas de negociação mundial.A cúpula com os países do crescente foi como que o assento, ou retorno, de um grande salto começado pela busca do eixo Pretória-Nova Deli, que marcou o primeiro ano do Governo petista. O importante é que, ao abrir esses novos espaços, o País também reflui sobre as suas matrizes continentais. Mas, para dissociar-se das velhas amarras do Mercosul, como se aceitássemos um delineio político marcado pela maximização dos mercados aparentes e das projeções naturais do desenvolvimento, na sua expressão geográfica tradicional. É este Brasil largo que já logrou, inclusive, de saída, e nas Conferências de Cancún, o próprio apoio hindu ou sul-africano à quebra das visões tradicionais da OMC, na busca de uma nova perspectiva nos pactos tarifários e, sobretudo, na trazida dos Estados Unidos a um jogo de contrapesos e ao decalque da economia hegemônica no mundo contemporâneo.