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Artigos

  • Dimensões reais da universidade privada

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 05/03/2004

    Esquecemo-nos de que hoje o âmbito da educação no mercado nacional chega aos seus R$ 12 bilhões anuais envolvidos, a responder por 10% da atividade negocial do País. Trata-se de macroatividade que encontrou dinamismos próprios e que tem condição, frente a uma política pública, ao mesmo tempo, de confrontar, à tarefa da educação, o teor ainda muitas vezes mal estimulado da sua atividade negocial. Demoraram esses últimos a aparecer, no que fosse investir no ensino, alinhando-se, à Carta de 88, a educação de toda idéia de constituir uma concessão, exercível por ação delegada do Estado e se mantendo fiel às características de um serviço público.

  • Nem periferias, nem terceiros mundos

    O Globo (RJ), em 21/11/2003

    O encontro recém-findo entre os presidentes Lula e M'becki, na África do Sul, abriu-nos marcas críticas para este novo protagonismo brasileiro, frente ao mundo global de Bush, ou de após a sua eventual derrota em 2004.

  • O raro salão de Marcos Madeira

    Jornal do Commercio (RJ), em 31/10/2003

    Perdemos Marcos Almir Madeira e sua esplêndida elegância, de personagem-ponte entre tempos da nossa República das Letras. Deu-nos sua extraordinária prestança na passagem, neste último meio século, de uma cultura de elite ao mundo múltiplo em que se elenca hoje um pensamento, sua obra, seu gesto, sua militância, ou o simples fluir, a que acode ainda o salão das nossas origens.

  • Começa a construção da diferença

    Jornal do Commercio (RJ), em 17/10/2003

    Porto Alegre vem de acolher a reunião-monstro, de marco internacional, para discutir o direito à água como franquia do cidadão, e não expectativa e paga de um consumidor compulsório. A ocasião, em debate aberto pela Ministra Marina Silva, permitiu a análise mais funda, de até onde nos damos conta de que o mundo da globalização começa por se apossar do nosso inconsciente coletivo, e se impõe como uma lógica do pensamento. Tomamos, como nossos, interesses dominantes do mundo, que se transformam num estado do espírito, depois em imagem e, a seguir, no fato consumado de um comportamento social.

  • Faoro, a lucidez sem retórica

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 23/05/2003

    Na notícia da morte de Raymundo Faoro, revezaram-se os epítetos. Perdemos na sua grandeza, de marca de uma geração, o historiador ou o cientista social, ou, até mesmo, no impacto do outro livro, "A Pirâmide e o Trapézio", o ensaísta e crítico literário. A tônica repetida em avalanche é a do constitucionalista, do príncipe dos advogados, chamado ao compromisso - limite de liderar a Ordem, no período decisivo de 77 a 79.

  • O silêncio dos Sem-Terra

    Jornal do Commercio (RJ), em 13/12/2002

    As primeiras declarações dos Sem-Terra, após a vitória estrondosa de Lula, mostram toda uma nova arquitetura da espera da saída da marginalização social dos 25% de brasileiros, ainda deserdados de todo futuro. Disciplinados, os liderados de Stédile começam até por avaliar o comportamento dos seus próprios membros, como José Rainha, no Pontal de Paranapanema. Querem evitar toda ação provocadora, situar os movimentos de protesto, da dita "ação afirmativa" e até mesmo reposicionam-se na discussão, em profundidade, de um novo modelo de real reforma agrária.

  • Diferença já, ministério depois

    Jornal do Commercio (RJ), em 29/11/2002

    Ao lado do voyeurismo despertado pelo segredo do Ministério, a expectativa da novidade destes dias é a da criação imediata de símbolos, a marcar a evidência das prioridades do novo governo. Lula associou-a, de imediato, à implantação do Projeto Fome Zero, de José Graziano. Trazia à luz um dos esforços conjuntos mais elaborados do PT, na fieira das caravanas e dos olhares com que uma mesma carência de base explodiu no Brasil, em registros diferentes do que se peça ao presidente.

  • Na cadeira do presidente

    Jornal do Commercio (RJ), em 22/11/2002

    Lula vai ao poder com que jogo? Impor logo a guinada ou fazê-lo na superprudência das transições? Todo governo dispõe hoje do repertório de previsões sobre o que acarreta logo o que decida o presidente, no vespeiro da complexidade da iniciativa política.

  • Impaciência, mais que medo

    Jornal do Commercio (RJ), em 25/10/2002

    O segundo turno nas eleições presidenciais assumiu claramente o sentido de plebiscito. Está-se pró ou contra o governo, numa distância de votos que dá a Lula capital único de legitimidade política para enfrentar a turbulência da globalização transformada em mercado hegemônico e sem volta. Toda imprensa mundial reconhece o impacto deste pleito como a cunha inesperada no alinhamento das periferias aos receituários internacionais para ainda serem punidos até pelo excesso de ortodoxia que só fez exasperar as contradições do neoliberalismo. Aí está a Argentina, como fantasma nada camarada, a mostrar que é invariável a bula, não obstante esteja o país in extremis, da viabilização econômica. A enorme legitimidade da avalanche do sufrágio permite ao futuro governo nova prospectiva. Dá-lhe o direito, no cenário internacional, de contrapor aos riscos econômicos clássicos, os trunfos da nação gigante que ofereceu, pela mais irrepreensível vitória democrática, um esforço cabal à primeira das exigências da normalização como a vê o Primeiro Mundo, frente à desestabilização pirata em que insista o capital especulativo.

  • A universidade brasileira em Cabo Verde

    Jornal do Commercio (RJ), em 18/10/2002

    Em 11 de outubro, foram inauguradas pelo primeiro ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, as novas instalações, onde funcionará, em Mindelo, junto ao Instituto Isidoro da Graça, a Universidade Candido Mendes. No seu Centenário, a instituição dá início a uma política de expansão internacional naquele arquipélago, em meio ao Atlântico. No ato de sábado último, o Governo caboverdiano definiu a envergadura do esforço que o associa cada vez mais ao Brasil e, ao mesmo tempo, define a maturidade com que encarna a implantação do sistema integrado de educação no país. Tanto se inaugurava, junto ao pioneiro Instituto caboverdiano, a Ucam, quanto se acolhia um esforço educacional privado para prover, localmente, a fome da especialização no terceiro grau do ensino. Santos Neves mostrava como a inovação vinha de par com a formal promessa de se instalar a primeira universidade pública, ainda no presente Governo, em primeiro ano de exercício.

  • Segundo turno sem morte na praia

    Jornal do Commercio (RJ), em 11/10/2002

    Os 3% em que Lula ficou aquém da barreira da glória no primeiro turno, leva alguns pequenos políticos, amantes do catastrofismo, a passar a contar, do dia para a noite, a desventura, castigando o desmedido do intento perdido por milésimos. É como se o infortúnio de última hora implicasse o castigo duro pela ambição do ganho, numa quase maldição pelo sucesso quasissimamente logrado.

  • O diálogo contra a Cruzada

    Jornal do Comércio (RJ) em, em 15/03/2002

    Realiza-se neste começo de março o primeiro diálogo entre o Islã e o Ocidente, na resposta com que a Academia da Latinidade acolheu o pedido do presidente Khatami, para descompressão do fechamento das fronteiras da cabeça no mundo contemporâneo.

  • Meio-dia em Porto Alegre

    Jornal do Commercio em, em 01/02/2002

    É só vermos os jornais europeus, e a força da primeira página dos cotidianos franceses, para nos darmos conta do impacto que a reunião de Porto Alegre ora ganhou, muito para além das escaramuças do anti-Davos inicial, no ano passado. É quase como se invertessem as posições. A capital gaúcha parece dar o tom da temática de um primeiro encontro sobre o "que fazer" mundial, espicaçado pelo 11 de setembro, e pelos riscos que uma "civilização do medo" antepõe ao clássico confronto Norte-Sul e à oratória exangue dos ricos e pobres. Ou do palavreado fóssil com que os senhores do mundo debruçam-se sobre as ditas periferias, quando, hoje, uma subversão cultural nasce dos ossos da miséria e da exclusão sem volta.Os cenários se transportam. E é, sobretudo, como multibusca às saídas do neoliberalismo que vai à rinha a capital rio-grandense.

  • A educação e a esperança em conserva

    Mais se torna complexa a conjuntura contemporânea, mais se clama por soluções peremptórias, no excesso da confiança de que todo o futuro depende de uma vontade desembainhada para mudar, no "vale-tudo" sem concessões. Não nos falta apetite para atacar os problemas do século, mas assumimos que a proposta aconteça, por si mesmo, se a tanto não faltar desassombro e garra de uma geração.

  • Uma contagem regressiva da esperança?

    De volta da China e Guadalajara, o presidente vive um trimestre crítico para renovar o pacto de confiança com o Brasil que continua a esperar. É o que permite o desemperro, enfim, do número da esperança grossa, como é agora o da expansão firme do PIB brasileiro. Começa um ganho de futuro, de vez, como o fruto da estabilização financeira na arrumação certa da casa, para a diferença do Governo Lula. As Cassandras já vieram a seu tempo, para denunciar a traição imaginada à pureza socialista num universo, hoje, da orfandade utópica. Ou, sobretudo, da dureza do exílio da alternativa, tanto a hegemonia americana nos deixou a anos luz da velha dominação; das “guerras frias”, das chances do velhíssimo terceiro mundo.