[1] O mingau e as beiras
[2]Tanto a oposição como a mídia, interessadas em deletar Lula, seja pela força de um impeachment, seja pela deteriorização de sua imagem como candidato à reeleição, estão comendo o mingau pelas beiras.
[1] Tanto a oposição como a mídia, interessadas em deletar Lula, seja pela força de um impeachment, seja pela deteriorização de sua imagem como candidato à reeleição, estão comendo o mingau pelas beiras.
[1] Numa aula magna na Universidade Cândido Mendes, o príncipe Talal, da Jordânia, fez inteligentes comentários sobre as diversas crises políticas e militares que inquietam o nosso tempo. A observação que mais me impressionou foi a de que os grandes deste mundo -reis, presidentes, chefes de governo e de Estado - dificilmente se recusam a sentar à mesma mesa dos adversários.
[1] Picasso tinha pavor da morte - da sua e da dos outros. Nos últimos anos de vida, Jacqueline vigiava o seu dia de tal forma que em caso algum o assunto ou a realidade de qualquer morte o fizesse sofrer, lembrando-lhe que mais cedo ou mais tarde deveria morrer.
[1] Desde que começaram a considerar a imprensa como o quarto poder, passei a contestar a classificação, achando que a imprensa nunca é poder - eventualmente pode ser uma força, que não chega a ser um poder.
[1] Lendo os jornais e revistas do último fim-de-semana, pela primeira vez na vida fiquei orgulhoso de ser brasileiro, de pertencer a uma nação ética, onde, tirante os governantes, todos são vestais e unânimes em lamentar ou condenar os desmandos daqueles que mandam ou pensam que mandam.
[1] No Brasil, os anos começam uma porção de vezes. Há o início oficial, a 1º de janeiro. Vem depois o início operacional, que acontece na semana seguinte à do Carnaval. Finalmente, entramos no início real, depois da Páscoa, com quatro meses já passados e com gente fazendo previsões para o ano seguinte. Assim sendo, vamos entrar finalmente em 2006 sem Orçamento aprovado, com uma MP do tamanho de um Orçamento federal, a principal companhia aérea brasileira no maior vinagre empresarial da nossa vida econômica, gente indiciada pelo Ministério Público mas com processos previamente adiados para 2007.
[1] Acontecem mais ou menos ao mesmo tempo: a Páscoa judaica (Pessach) e a Páscoa cristã, fora do calendário gregoriano, uma vez que são festas móveis. A Páscoa cristã é uma data (e uma festa) essencialmente e exclusivamente religiosa, eixo do mistério da Redenção: um Deus que se entregou em holocausto para salvar a humanidade de sua culpa original. Já a Páscoa judaica é uma festa nacional com fundo religioso. No Seder (a ceia tradicional), há sempre um menino que pergunta a alguém mais idoso: "Por que esta noite é diferente das outras noites?". É contada então a história do Pessach, quando o anjo do Senhor passou por cima das casas e Moisés retirou o povo judeu do cativeiro do Egito. Uma festa de libertação nacional, a maior que eu conheço, maior do que qualquer outra revolução da História. Um povo inteiro, escravo, escolhendo a liberdade. Teve um preço: os 40 anos que formaram a geração do deserto em busca de chão próprio e livre. Ao se transformar na Páscoa cristã, a mensagem de libertação é a mesma, mas não em nível nacional, mas ontológico, teológico, espiritual: a libertação do pecado.
[1] Apesar da tentativa de reabilitação de Judas, com base num texto escrito 300 anos após o episódio da traição, e em contradição com mais de 80 Evangelhos paralelos e conflitantes, inclusive os quatro que foram adotados pela história ocidental (eram relatos orais que somente mais tarde receberam versão escrita), o dia de hoje, Sábado de Aleluia, terá alguns judas pendurados nos postes de várias cidades.
[1] Por mais que pareça incrível, o grande escândalo de nossos tempos, um dos maiores de toda a nossa história, acabou numa questão semântica. O relatório da CPI dos Correios concluiu seus trabalhos afirmando que houve o mensalão, um tipo de corrupção que, embora sem ser inédito, tomou proporções obscenas na era da moralidade pregada pelo PT - que está no governo e que foi o agente e principal beneficiário da tramóia.
[1] Estão esperando o quê? Um desastre com um avião da Varig, com uma centena de mortos? É do conhecimento de todos, do governo principalmente, e do público em geral, as dificuldades que a companhia atravessa, não apenas em seu escalão estrutural mas operacional, com aviões encostados e manutenção problemática.
[1] Nas águas da mais recente e desvairada ficção pretensamente histórica, a moda é contar a vida de Cristo de forma diferente, atribuindo-lhe um casamento que, a ter sido real, em nada altera sua mensagem e presença na civilização ocidental. Agora, decifrado um manuscrito que teria sido um evangelho segundo Judas, retorna como novidade a versão de que Judas não traiu seu amigo, pelo contrário, teria sido seu parceiro na história (ou na lenda) da Redenção da culpa de Adão.
[1] Alguns leitores, e até mesmo um senhor que me abordou na rua, estranham que eu venha declarando, com insistência, que não acredito e até me recuso a participar da chamada "democracia representativa", tida como o pior dos regimes, com a exceção dos outros. Na velha mania de ignorar o óbvio (a afirmação de uma coisa não implica a negação de outra ou vice-versa), perguntam se eu me converti ao totalitarismo, aos regimes fortes em que o povo não é ouvido nem cheirado.
[1] Os analistas políticos de diversos calibres chegaram a um consenso: Lula está só. Em três anos, perdeu e se afastou de seus amigos e companheiros históricos. Está agora cercado de gente que mal conhece, como mais da metade de seus atuais auxiliares de primeiro escalão.
[1] Uma das palavras mais banalizadas de nosso tempo, além de "ética" e "resgate", é "estadista". O sujeito é chefe de divisão dos dormentes de uma ferrovia no Alto Purus, no dia de seu natalício há sempre um subordinado que o classifica de estadista. Na classe política, a briga para saber quem é ou não é estadista tornou-se briga de cachorro grande. Todos são estadistas, pelo menos em duas ocasiões: quando estão no poder e quando morrem.
[1] Com o desfile das campeãs realizado ontem, fica encerrado o Carnaval deste ano, festa de rotina que antecedeu duas festas também de rotina, mas espaçadas no tempo e nas intenções: a Copa do Mundo e as eleições.
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[12] http://login.academia.org.br/artigos/traido-ou-traidor
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