O ambientalista, filósofo, poeta e escritor Ailton Krenak recebeu nesta segunda-feira (25) a Medalha Rui Barbosa, honraria concedida pela Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) a personalidades por suas contribuições para a cultura brasileira. A entrega foi realizada na sede da entidade vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), no Rio de Janeiro.
Na sequência, o homenageado, primeiro indígena a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL), realizou a conferência Povos Indígenas, Cultura e Democracia. Na atividade foram tratados temas fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa, com respeito à natureza, ao planeta e aos povos originários.
“Agora, estamos também na Casa de Rui Barbosa. De alguma maneira, os povos da floresta estão atravessando as paredes das casas desses ilustres patriarcas. E nós atravessamos essas paredes para saudar as crianças que estão ali”, declarou Krenak. E acrescentou: “Vocês não imaginam a alegria que me dão ao me acompanhar nesse ritual, que, ao mesmo tempo, celebra a nossa diversidade e, por outro lado, cria a possibilidade da nossa confluência. De a gente confluir para alguma coisa, para alguma percepção sensível de quem nós somos na diversidade”.
O presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, Alexandre Santini, enfatizou o significado da condecoração para a construção das políticas culturais no país. “A partir de 2003, no primeiro governo do presidente Lula, o Brasil desenvolveu uma matriz conceitual para as políticas culturais do país que se tornaram referência para o mundo. Foi nesse contexto que eu comecei a ouvir falar e a encontrar Ailton Krenak. Porque essa matriz não poderia prescindir da presença dos povos indígenas e dos povos de matriz africana”.
Santini destacou ainda o impacto do reconhecimento para as instituições. “Homenagens e reconhecimento têm sido uma constante na vida do Krenak. Mas quem se engrandece e fortalece são estas instituições que o homenageiam. A FCRB sai maior depois do dia de hoje. Honrar o legado dessa casa é também entender que ao dialogar com as forças vivas do povo brasileiro a gente está também enaltecendo essa tradição”, completou, adiantando que a FCRB planeja trazer a literatura indígena para o espaço.
A conferência com Krenak faz parte da ação Memória, Coração do Futuro. O intuito é preservar a memória das lutas pela democracia e estimular o debate contra a violação dos direitos humanos na história do Brasil.
Realizada pela Fundação Casa de Rui Barbosa, em parceria com a Caliban Cinema e Conteúdo e com apoio da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), a iniciativa tem programação até dezembro.
Nas atividades gratuitas direcionadas à valorização da memória cultural são destacadas a importância das manifestações artísticas e culturais como testemunho das lutas pela manutenção da democracia, a partir da premissa de que arte e cultura são vetores de construção da memória em ação, tornando-se, assim, uma forma de resistência.
Sobre Ailton Krenak
Autor de livros como Ideias para Adiar o Fim do Mundo e A Vida Não É Útil, Ailton Krenak nasceu em Itabirinha, na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Lar do povo Krenak, a área tem sido bastante afetada pela atividade mineradora.
Desde a década de 1980 ele se dedica à causa indígena. Participou da fundação da União das Nações Indígenas (UNI) e da Aliança dos Povos da Floresta e atuou para a aprovação da emenda constitucional referente aos direitos dos povos originários.
O escritor, que já teve livros publicados em 17 países, é Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e ocupa a cadeira 24 da Academia Mineira de Letras.
Matéria na íntegra: https://www.gov.br/cultura/pt-br/assuntos/noticias/em-cerimonia-no-rio-ailton-krenak-e-agraciado-com-a-medalha-rui-barbosa
28/11/2024