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Artigos

  • Um bom começo de Quaresma

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/02/2005

    O ano de 2005 entrou a pleno vapor. Saímos do Réveillon, atropelamos os Santos Reis e logo ouvimos os tambores dos terreiros de são Sebastião, que vinham misturados com os tamborins de um Carnaval bem curtinho, frenético e acelerado. Num relâmpago, já batemos nas Cinzas, com o véu da Quaresma, sem sair da folia que se prolonga até sábado na Barra, em Salvador, e, no Maranhão, com o lava-pratos, que é um domingo da Quaresma gordo em são José de Ribamar, santo padroeiro do Estado, onde os foliões vão pedir perdão pelos pecados pecando mais. Conheci um velho tio que recomendava aos filhos sobre as folias de Momo: "Tenha muito juízo e comporte-se mal".

  • Calorias, spray e carnaval

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 04/02/2005

    O Carnaval está esquentando. A alegria de sempre vai para todas as bandas no prazer do divertir e brincar. Encherão nossos olhos as fantasias exuberantes e belas vestidas por nossas enxutas carnavalescas. Mas o maior sucesso mesmo são as peladas, escondendo em paetês suas bondades, como chamava o nosso Pero Vaz de Caminha.

  • Responsabilidade fiscal e sex shop

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 28/01/2005

    Um avanço extraordinário para a moralização da administração pública foi a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal. Trouxe uma transformação institucional vigorosa para extinguir a irresponsabilidade de gestores públicos que não dão bola a qualquer controle.

  • Boa noite, presidente

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 21/01/2005

    A eleição de Tancredo, em 15 de janeiro de 85, revelou a mais competente e bem-sucedida engenharia política de nossa história. Nenhum retrocesso, sempre avanços.

  • Taj Mahal voador

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 17/01/2005

    José Sarney lembrou, em crônica da semana passada, a grita que a oposição da época fez contra JK por ocasião da compra de um avião Viscount para a Presidência da República. Sarney fazia parte do grupo chamado Bossa Nova, que era o mais radical na oposição ao governo. Lembro-me dessa campanha, que achava pueril. O avião não pertenceria a JK, e sim ao governo brasileiro -serviria a outros presidentes, inclusive àqueles que cassaram JK e o prenderam.

  • Chegou o A-319

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 14/01/2005

    Em 1956, Juscelino comprou um avião para transportá-lo nas suas andanças. Eu era da gloriosa UDN, que combatia ferozmente o governo. Milton Campos contava que foi abordado por uma senhora já idosa: "O senhor não é o Milton Campos?". "Sim, senhora". "Pois eu, dr. Milton, sou da UDN roxa. Da nossa UDN da calúnia". Milton sorriu e disse: "Persevere."

  • 2004 acabou ontem

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 07/01/2005

    O balanço da última semana de 2004 foi de arrepiar os cabelos e pedir proteção aos terreiros da Bahia. E as más notícias continuam. A tragédia tsumani ainda não acabou. Os dramas humanos desvendados fazem corações ganhar um instante de compulsão.

  • Ano novo, ano velho

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 31/12/2004

    É sempre o mistério do tempo. Ao ano velho todos ridicularizam. As atenções são concentradas no ano que vem, a adulá-lo com mensagens e gestos que pedem que seja bom e generoso. A justiça nos manda em primeiro lugar agradecer que o ano velho nos tenha preservado a graça da vida. Viver, diziam os latinos, depois a gente confere o resto. E a cada ano que passa, vivemos.

  • Rei-dos-homens é um menino

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 24/12/2004

    No Maranhão, a paisagem de minha mocidade era rica de tipos populares. Ainda podia-se desfrutar dos prazeres da província, em que todos se conheciam. Tínhamos o Bota-Pra-Moer, o Paletó e o Rei-dos-Homens.

  • O risco de ser capivara

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 17/12/2004

    Sentei-me no computador na ilusão de tratar das surpresas econômicas que estão sendo anunciadas neste fim de ano: o crescimento inesperado mas bem-vindo do PIB em 5%, os dois milhões de novos empregos e outras conquistas que o leitor está cheio de ouvir.

  • Casa-da-mãe-joana

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/12/2004

    O sistema partidário brasileiro só não está no fim porque nunca existiu. O Brasil jamais conviveu com a presença de partidos fortes, nacionais, com espaços ideológicos próprios e quadros criados através da militância. A hierarquia na política não é vertical, é horizontal. Vão tomando a frente aqueles que, pela capacidade de liderança, se vão impondo e, através do respeito e da capacidade, podem tomar decisões e ser obedecidos e seguidos.

  • O Mercosul e os rabichos

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 03/12/2004

    Comecei a ter receios quanto à integração do Cone Sul, particularmente ao Mercosul. Esse tema está presente em nossas preocupações permanentes porque essa iniciativa é sem dúvida nenhuma a mais importante tomada pelo nosso país e pela Argentina no sentido de mudar a história do continente.

  • Revoada de estrelas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 26/11/2004

    O Brasil passa por um momento de curiosidade internacional. A biografia do presidente Lula, de operário presidente, desperta uma atenção grande e excita indagações. Em seguida, o tamanho do Brasil e sua presença mundial fazem com que sejamos uma potência emergente.O presidente Lula, numa postura inesperada, tem excepcional gosto pela política externa e tem sido um viajante ávido por aumentar as nossas trocas comerciais. Seu estilo é bem pessoal.

  • Uma justiça que não será cega

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 19/11/2004

    Quarta-feira, o Senado Federal prestou um grande serviço ao país. Votou a reforma do Judiciário, que, havia doze anos, com audiências públicas e conferências, se arrastava em meio a discussões apaixonadas e divergentes, mobilizando juízes e advogados, todos envolvidos na defesa dos seus pontos de vista.

  • Sua Excelência, o livro

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/11/2004

    Quando se fala nos avanços tecnológicos que vislumbram a morte do livro pelo livro eletrônico e outras mágicas, eu respondo que o livro nunca acabará, porque ele é a maior das descobertas tecnológicas: cai e não quebra, não precisa de energia e, portanto, de ligar ou desligar. Pode ser levado para qualquer lugar, banheiro ou cama, com o que certamente os monitores de televisão não concorrem. O livro tem todos os programas de computadores e mais a diversidade de todos os assuntos guardados pela eternidade da escrita. E, se, por uma desgraça, essa história de mercado um dia tornar o livro dispensável, ainda restará o livro de poesia, pois a poesia não precisa de mercado e salvará o livro.