Daniela Birman
O GLOBO (07.08.2004)
Primeiro acadêmico nascido na segunda metade do século XX, Antonio Carlos Secchin tomou posse ontem na cadeira 19 da Academia Brasileira de Letras, sentindo-se ao mesmo tempo feliz, com muita expectativa e responsabilidade. Apesar de ser o mais jovem integrante da Casa, o professor, poeta e crítico literário, de 52 anos, tem um extenso currículo, com uma série de livros, prêmios e longo tempo de magistério.
- Para mim, o ano está começando agora. Como todo ritual de passagem, esta posse representa uma forma de nascimento ou de renascimento num outro patamar - disse.
O presidente da ABL, o poeta Ivan Junqueira, recebeu o novo acadêmico com o discurso de saudação. Junqueira destacou as qualidades de crítico e poeta de Secchin, que, segundo ele, tornou-se ao longo dos anos "um poeta de poetas". Como bibliófilo, Junqueira afirmou que Secchin é "curioso, pertinaz, maníaco, ciumento e detetivesco". O presidente da ABL afirmou que é grande a responsabilidade de Secchin, por ser ele, desde ontem, o mais jovem integrante da Casa.
Novo acadêmico quer mais intercâmbios
São muitos os planos de Secchin, que pretende se reunir com a diretoria da ABL para apresentar suas idéias. Ele quer criar projetos para intensificar os intercâmbios entre a universidade e a Casa de Machado de Assis. Nos quatro anos em que foi diretor de cultura da Faculdade de Letras da UFRJ, na década passada, levou cerca de 200 escritores à universidade para falar aos alunos e criou cursos gratuitos para a comunidade.
Contando as obras individuais, as que organizou e a participação em antologias, Secchin tem 30 livros publicados. Entre esses, destaca-se "João Cabral: A poesia do menos", hoje um clássico no estudo do poeta pernambucano. O próprio João Cabral afirmou certa vez, a respeito do crítico: "Foi quem melhor analisou os desdobramentos daquilo que pude realizar como poeta".
Secchin ganhou seu fardão de presente do MEC e da UFRJ, instituição onde é professor titular de literatura brasileira. O último ocupante da cadeira 19, que tem como fundador Alcindo Guanabara, foi o advogado e sociólogo Marcos Almir Madeira, falecido no ano passado.
06/06/2006 - Atualizada em 05/06/2006