A programação cultural do Rio Capital Mundial do Livro foi apresentada nesta sexta-feira, 11 de abril, em cerimônia realizada no Real Gabinete Português de Leitura.
O evento contou com a presença do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, da ministra da Cultura, Margareth Menezes, do Secretário de Cultura, Lucas Padilha, do presidente da ABL, Merval Pereira, do presidente da Biblioteca Nacional e Acadêmico, Marco Lucchesi, do presidente do Real Gabinete Português, Francisco Gomes da Costa, e outros representantes da Prefeitura e de entidades culturais do Rio de Janeiro. O evento também marcou a assinatura do protocolo de colaboração entre o município e o governo federal.
O presidente da ABL Merval Pereira ressaltou que a escolha do Rio de Janeiro como primeira cidade de língua portuguesa a ser capital mundial do livro é importantíssima para todas as instituições culturais que têm sede no Rio.
“Vai ser um ano dedicado ao livro e a Academia Brasileira de Letras será parceira da Prefeitura em todos os eventos. Como guardiã da língua brasileira, a presença da ABL é fundamental. Estivemos semana passada na Academia das Ciências de Lisboa, onde foi montada a caixa literária, com obras de autores clássicos e contemporâneos, que mostra a pluralidade da língua portuguesa. O Rio como capital mundial do livro irá contribuir, também, para que o português seja mais acolhido nos organismos internacionais, principalmente na ONU."
Essa é a primeira vez que a Unesco – principal órgão de cultura da ONU - concede o título a uma cidade de língua portuguesa, que visa incentivar a leitura e a busca pelo conhecimento. Sob os olhos de João do Rio e no terreiro literário habitado por Machado de Assis, o Real Gabinete Português guarda a primeira edição dos Lusíadas.
O evento teve início com canções de Villa-Lobos, Mignone e Guerra Peixe, num instrumental tocado no piano. Após, a música lírica ganhou voz e corpo com a apresentação dos solistas Vinicius Atique e Dhuly Contente.
Na cerimônia, foram apresentadas as principais diretrizes do projeto, que começa oficialmente no Teatro Carlos Gomes no dia 23 de abril, Dia Mundial do Livro e dos Direitos do Autor e dia que o Rio assume o mandato.
Parte da programação também foi exposta ao público presente. As chamadas “ações âncoras" serão: a Noite com Livros, Book Parade Rio 2025, Rio de Livros, Academia Editorial Jr. e, claro, a Bienal do Livro, em junho. A “Paixão de Ler” traz um festival inspirado no projeto francês “La Fureur de Lire". O evento oferecerá atividades variadas, como oficinas, contação de histórias, lançamento de livros e debate com autores, além de shows e performances. A virada cultural também já tem data para acontecer: será no Parque do Flamengo em novembro deste ano.
Paes ressaltou o papel da literatura, que se transforma em várias formas de cultura. E que, sendo uma cidade em língua portuguesa, abraçará as culturas originárias e todas as outras que fazem parte da cidade. No seu discurso, o prefeito reforçou que há 200 anos, Brasil e Portugal selavam o acordo que pacificava formalmente a nossa independência e que ali nascia o Brasil.
“Autores e autoras de língua portuguesa, imortais e contemporâneos compõem o tesouro literário contido nessa caixa, que chega de Lisboa, trazendo vozes que se tornam cariocas. É a cultura que nos torna cariocas. Não à toa que Drummond e Bandeira, nascidos em Minas e Pernambuco, são do Rio. Não existe nação sem livros. Ser patriota é, acima de tudo, defender a leitura, instrumento de liberdade e cidadania. Na Guanabara deságuam todos os rios da língua, do Tejo ao Macombo, da Amazonas ao Carioca”.
Paes afirmou que no dia 23 de abril o Rio se tornará parte de um grupo de cidades fundamentais para a história do livro na humanidade. E disse que, em forma de marca comemorativa, o Rio se transforma em paisagem e voa em direção à apoteose e afirmou também que a escola de samba é o maior festival literário do mundo.
“O sambista também é escritor. Nas letras, pessoas comuns se tornam imortais. O popular se faz erudito. Na Sapucaí, no Real Gabinete, na Academia Brasileira de Letras e na Biblioteca Nacional a arte revela sua maior potência formadora da vida. São nossas histórias dos livros, nas letras de música, e nos roteiros que nos tornam desejados pelo mundo. Também são os livros que difundem a ciência e formam a cidadania carioca. Capital do G20, dos Brics, dos livros, e muito mais. Somos uma boa notícia. Ao longo desse ano, nós vamos trabalhar ainda mais pela cultura do livro e da leitura traduzindo mais políticas públicas na área de cultura e educação. Ao trabalharmos pelo livro, fazemos justiça à história do Brasil”, completou.
A ministra Margareth Menezes destacou grandes nomes icônicos da literatura brasileira que viveram no Rio de Janeiro, como Machado de Assis e Clarice Lispector, e destacou o papel da cidade na abertura de um diálogo com o resto do mundo, que molda a cultura e estabelece a construção da identidade brasileira.
“Essa é um momento histórico, que celebramos a concessão do título do Rio Capital Mundial do Livro pela Unesco, um feito inédito numa cidade de língua portuguesa e é uma honra que reverbera a riqueza literária do Rio de Janeiro que ao longo dos anos se fez eco das palavras de grandes mestres traduzindo o coração pulsante do Brasil em suas páginas”.
A ministra encerrou o discurso cantando uma versão musicada do poema ‘Fanatismo Minh'alma, de sonhar-te’, de Florbela Espanca.
Na coletiva de imprensa, o secretário de Cultura Lucas Padilha contou como começou a parceria entre a ABL e a Prefeitura do Rio.
“O Paes me ligou pedindo para eu encontrar com o Merval (Pereira) na ABL. Encontrei com ele num daqueles chás maravilhosos que acontecem na ABL e ali se discutia como será o Rio Capital Mundial do Livro, como seria a marca, que acabou sendo feita através de um concurso pela ABL. O outro fruto é a caixa literária e muitos outros que acontecerão ao longo do ano”.
O slogan do projeto também surgiu da criatividade de se estar num chá com os imortais. Em alusão à música de Gilberto Gil, “o Rio de Janeiro continua lindo”, surge “O Rio de Janeiro continua lendo. E quando o Gil ficou sabendo ele quis gravar um vídeo. Segundo Padilha, o vídeo acabou se tornando o que será a campanha oficial do Rio Capital Mundial do Livro.
A logomarca do Rio Capital Mundial do livro também foi apresentada no evento. O símbolo foi revelado depois da execução de ‘Cidade Maravilhosa’, hino oficial da cidade.
A identidade visual foi escolhida pela Academia Brasileira de Letras entre 21 propostas de designers cariocas, aprovada pela Prefeitura e criada para representar de forma icônica e atemporal a relevância do evento. A marca une elementos visuais e culturais do Rio de Janeiro com o universo da literatura.
Uma novidade foi dita nos momentos finais do evento: Padilha adiantou que a ABL irá à Praia de Copacabana como parte da programação do Rio Capital Mundial do Livro.
11/04/2025