A Acadêmica e escritora Ana Maria Machado participou do 1º Encontro Internacional de Literatura Infanto-juvenil da Lusofonia, de 2 a 7 de fevereiro deste ano, em Portugal. Ao longo do evento, integrou mesas-redondas, foi entrevistada por jornais e televisões, além de comparecer a escolas de Cascais para debates e palestras, assim como fez a apresentação de seus livros em conversas com estudantes dessa faixa etária.
O Encontro foi organizado pela Fundação “O Século” e reuniu autores, ilustradores, editores, professores e estudiosos desse tipo de literatura, animadores do livro e da leitura. O evento contou com a participação de agentes da literatura infanto-juvenil de todos os países da Lusofonia, com o objetivo de lançar, posteriormente, uma rede lusófona de comunicação entre autores e editores – por intermédio de uma plataforma web –, que os organizadores pretendem disponibilizar para cerca de 800 milhões de pessoas que falam português em todo o mundo.
Ana Maria Machado considerou o Encontro oportuno. Segundo disse, permitiu que autores de diversos pontos do mundo tivessem a chance de se encontrar, debater e mostrar o que está sendo feito em seus países: “Para mim, ficou claro que duas questões são muito importantes num evento como este. A primeira é a oportunidade do conhecimento mútuo e de se integrar mais na literatura feita pelos outros autores. Em segundo lugar, entendo que devemos desenvolver uma espécie de pressão política que permita uma maior circulação dos livros pelo correio, inclusive com isenção postal”, afirmou a autora.
Vencedora do Prêmio Hans Christian Andersen de 2000, considerado o “Nobel da literatura infantil”, Ana Maria Machado resumiu, em palestra, para um público formado desde autores até estudantes, traços característicos da literatura infantil brasileira. “Temos muito liberdade. Temos também uma tradição preciosa. E temos a vantagem do que inventamos a partir das nossas desvantagens”. Recorreu ainda ao pensamento do Acadêmico e crítico literário Alfredo Bosi: “A capacidade que a nossa cultura criadora tem para integrar amorosamente o popular e o erudito”.
Depois de sua conversa com o público nas escolas de Cascais, Ana Maria Machado afirmou que “a curiosidade e os desejos das crianças são iguais em todo lado”. Disse que fora muito bem acolhida nos locais que visitou em Lisboa: “Os meninos tinham lido meu livro O Pavão do Abre e Fecha, prepararam um vídeo e fizeram perguntas inteligentes, estavam mesmo interessados. O entusiasmo, a curiosidade, os desejos das crianças são realmente iguais. Essa é uma das maravilhas da humanidade”. E concluiu: “É fundamental que não se interrompa o incentivo à leitura, justamente agora, quando vemos que os índices de escolarização de países como Brasil vêm subindo”.
25/03/2015