No lançamento de “Direito de/para todos”, nessa segunda (02/09), na ABL, a ministra Cármen Lúcia fez um apelo aos brasileiros, relembrando os anos 1980, quando o Brasil cantava Antônio Cicero e Marina Lima: “Você me abre seus braços, e a gente faz um país” (letra de “Fulgás”).
Atual presidente do TSE, a ministra falou sobre direitos humanos, democracia, desigualdade, liberdade, passado e futuro. No livro, ela analisa os 30 pontos da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU — um único brasileiro, Austregésilo de Athayde, presidente da ABL durante 34 anos, participou da redação do documento.
“Estamos numa sociedade que parece que o grande movimento é procurar ser infeliz e, não sendo, pelo menos, querem infernizar a vida do outro. Estávamos isolados em 2020 pela pandemia; em 2022, por ódios que nos afastaram. Vamos chegar juntos desta vez? Não interessa de onde cada um veio, qual a opção de cada um, mas vamos chegar juntos, abrir os braços pro outro e fazer um país. O Brasil engole um elefante e se engasga com uma formiga com a maior facilidade — às vezes, o país não consegue afastar um superintendente que tenha problemas na Justiça. Consegue grandes feitos e não consegue, no dia a dia, o que é mais importante”, disse ela, que dividiu a mesa com Merval Pereira, presidente da ABL, e Heloísa Starling, historiadora autoridade nacional em estudos sobre a ditadura e a república.
A plateia estava atenta e participativa. Cármen lamentou que a sua geração tenha fracassado em não conseguir passar para os mais jovens o que significa liberdade e democracia. “Conseguimos brigar, pegar o que as outras gerações vinham trazendo de luta pela democracia, chegar aos anos 80 exuberantes, para pensar e querer uma nova Constituição, e continuamos desigualados. O assassinato de mulheres e os maus-tratos a crianças estão no dia a dia. Um mundo que falava de paz em 1948 e chegamos a 2024 com a ONU dizendo que há 76 guerras ou conflitos — 56 estados com áreas de conflitos entre si. Onde foi que a nossa geração errou? Digo no sentido de não ter contado e convencido os jovens que liberdade não é uma palavra, é uma essência que cada um de nós tem. Quando você desiguala o outro, desumaniza e se distingue para pior”.
Matéria na íntegra: https://lulacerda.ig.com.br/2024/09/ministra-carmen-lucia-lanca-livro-na-abl-estamos-numa-sociedade-que-parece-que-o-grande-movimento-e-procurar-ser-infeliz/
04/09/2024
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