Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Noticias > ABL na mídia - Folha de São Paulo - Morre Heloisa Teixeira, que mudou rumos do feminismo e da crítica cultural no Brasil

ABL na mídia - Folha de São Paulo - Morre Heloisa Teixeira, que mudou rumos do feminismo e da crítica cultural no Brasil

 

Morreu nesta sexta-feira (28) a crítica literária Heloisa Teixeira, aos 85 anos, no Rio de Janeiro. Ela estava internada por causa de uma pneumonia dupla, segundo informações da Academia Brasileira de Letras.

Uma das maiores intelectuais do país durante décadas, ela já passava dos 80 anos quando anunciou que gostaria de mudar o nome pelo qual era conhecida.

Professora emérita da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro da Academia Brasileira de Letras desde 2023, Heloisa Buarque de Hollanda foi responsável pela publicação de dezenas de livros como autora ou organizadora. Mas, em 2024, decidiu assinar "Rebeldes e Marginais: Cultura nos Anos de Chumbo (1960-1970)" como Heloisa Teixeira.

O gesto teve força simbólica, já que tirou de cena o sobrenome do primeiro marido, de quem havia se separado no fim dos anos 1960, e fez surgir o da mãe, figura pouco lembrada nas narrativas que refazem o percurso intelectual e profissional da filha.

Nascida em Ribeirão Preto (SP), teve trajetória de grande influência masculina —como do pai, professor de medicina, de Afrânio Coutinho, professor do curso de letras de quem foi assistente no início da carreira, e do sociólogo Darcy Ribeiro, vice-governador do Rio de Janeiro que a nomeou diretora do Museu da Imagem e do Som na década de 1980.

As mulheres, porém, motivaram suas mais decisivas escolhas intelectuais, a ponto de a professora de literatura brasileira, formada em letras clássicas pela PUC do Rio de Janeiro em 1961, ter se tornado expoente feminista da crítica cultural no país —e, mais recentemente, principal interlocutora universitária de artistas e escritoras provenientes da periferia.

Em seus dois trabalhos autobiográficos —o volume intitulado "Escolhas", de 2009, e a coletânea "Onde É que Eu Estou?", de 2019 —, Heloisa relatou a definição progressiva de seu campo de atuação como pesquisadora.

Descobriu o próprio país durante uma temporada nos Estados Unidos, quando, acompanhando o primeiro marido, Luiz Buarque de Hollanda, atuou como assistente de pesquisa no Instituto de Estudos da América Latina na Universidade Harvard.

Na volta, em 1964, após aproximar-se de Coutinho, ingressou como docente na UFRJ, ministrando cursos principalmente sobre José de Alencar, Lima Barreto e Mário de Andrade —este, tema de sua pesquisa de mestrado, que resultou na publicação de "Macunaíma: Da Literatura ao Cinema" alguns anos depois, em 1978.

Até a promulgação do AI-5, em dezembro de 1968, viveu a efervescência no ambiente urbano e universitário do Rio de Janeiro, o que permitiu a construção de sua identidade profissional e de gênero como uma "experiência feminina fundamentalmente coletiva".

No contexto das mudanças comportamentais e políticas de sua geração, em oposição ao regime militar, as mulheres encontravam, sob estímulo do feminismo, um ambiente favorável à entrada na vida pública.

Matéria na íntegra: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2025/03/morre-heloisa-teixeira-que-mudou-rumos-do-feminismo-e-da-critica-cultural-no-brasil.shtml

28/03/2025