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ABL na mídia - CBN - Ailton Krenak destaca o legado deixado pelo fotógrafo Sebastião Salgado

 

Após a morte de Sebastião Salgado nesta sexta-feira, aos 81 anos, o ambientalista, escritor, poeta e imortal da Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak, falou sobre o legado do fotógrafo para os indígenas brasileiros, a luta ambiental e a cultura em todo o mundo.

Sebastião Salgado foi um dos idealizadores de um verdadeiro "oásis verde" em Aimorés, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, onde nasceu. Ao lado da esposa, Lélia Wanick, ele liderou o plantio de mais de 2 milhões de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica na Fazenda Bulcão, onde o casal vivia.

Porém, antes dessa revolução ambiental na pequena cidade mineira, Salgado achou que precisava "abençoar a terra". Ele convidou, então, uma indígena Krenak para essa missão e foi assim que a amizade dele com Ailton começou.

"Quando ele decidiu que ia assumir o cuidado com aquele sítio, ele convidou a minha família, Krenak, uma senhora que não está mais viva. A Dona Laurita foi lá junto comigo e com outros familiares para abençoar o trabalho de restauração daquela propriedade. Era um sítio abandonado e ele precisava receber uma benção, uma reza para que ele pudesse ser restaurado. Achei gentil Sebastião convocar uma senhora indígena para abrir o trabalho de restauração florestal de um sítio."

Dessa iniciativa nasceu o Instituto Terra, uma organização sem fins lucrativos dedicada à restauração ambiental e à reintegração de espécies nativas da região.

Com o projeto, mais do que um dos maiores fotógrafos do Brasil, Salgado se tornou referência internacional na luta pela preservação do meio ambiente.

O projeto teve início em 1998. O que antes era uma terra árida, degradada e sem vida tornou-se símbolo de renascimento. Em pouco mais de duas décadas, foram plantados cerca de 2 milhões de árvores nativas, e aproximadamente 600 hectares de floresta foram restaurados.

A área passou por um processo de restauração ecossistêmica. O solo, antes incapaz de sustentar sequer pastagens, hoje abriga uma mata densa, refúgio para diversas espécies de fauna e flora, muitas delas ameaçadas de extinção.

Além da luta pelo meio ambiente, Sebastião Salgado também se embrenhou pela Floresta Amazônica e mostrou ao mundo as populações indígenas sob outro olhar, além da caricatura mostrada nos livros de história. Para Ailton Krenak, o fotógrafo procurou beleza entre os povos originários.

"Eu creio que o olhar de Sebastião para esses corpos que vivem na floresta foi um olhar generoso. E ele procurou ressaltar o que havia de mais belo por onde passou. Eu acho que o que o Sebastião fez foi visitar com um olhar raro o sentido estético da vida dessas pessoas, a beleza."

Regiões em guerra, o garimpo na Serra Pelada - uma das suas coleções de fotos mais icônicas - a luta pela reforma agrária, a fome e a miséria na África também passaram pelas lentes de Sebastião Salgado.

Por meio de nota, a prefeitura de Aimorés disse que o fotógrafo levou o nome do município para o mundo com sua lente sensível, sua visão humanitária e seu compromisso inabalável com as causas sociais e ambientais. O município decretou luto oficial de três dias.

Matéria na íntegra: https://cbn.globo.com/brasil/noticia/2025/05/23/ailton-krenak-destaca-o-legado-deixado-pelo-fotografo-sebastiao-salgado.ghtml

27/05/2025