Rafael Teixeira
O Globo (22.03.2006)
O escritor maranhense Josué Montello, que morreu na quarta-feira passada aos 88 anos, foi homenageado ontem à tarde por seus companheiros da Academia Brasileira de Letras (ABL). A casa realizou ontem no Petit Trianon a Sessão de Saudade do romancista, que durante 51 anos ocupou a cadeira número 29 da Academia, cujo patrono é o teatrólogo Martins Pena.
Consagrado romancista, além de jornalista e professor, Montello foi lembrado com reverência por 23 acadêmicos que compareceram à sessão. Em seu discurso, o presidente da ABL, Marcos Villaça, citou pensamentos de três grandes nomes da literatura:
- O primeiro testemunho é de João Cabral de Melo Neto, que disse: a medida do homem não é a morte, mas a vida. Outro é de Carlos Drummond de Andrade, que disse: qualquer tempo é tempo. A hora mesma da morte é a hora de renascer. E, finalmente, de Balzac: a glória é o sol dos mortos.
Após a sessão, como é tradição da casa, a cadeira foi declarada vaga. Para a eleição, que será realizada em 90 dias, já há dois inscritos: o publicitário e poeta Mauro Salles e Vilma Guimarães Rosa, filha do escritor João Guimarães Rosa, autor de “Grande sertão: veredas”. Ambos já se candidataram em outras oportunidades: Vilma à cadeira de número sete, em 1982, quando morreu Dinah Silveira de Queiroz, e Salles à cadeira número cinco, em 2003, por ocasião da morte da escritora Rachel de Queiroz.
Outra cadeira, de número 28, cujo patrono é o escritor Manuel Antônio de Almeida, também está vaga. A eleição estava marcada para quinta-feira passada, mas, devido à morte de Montello, foi adiada para amanhã. Disputam a vaga o professor e crítico Domício Proença Filho e o advogado Célio Borja.
06/06/2006 - Atualizada em 05/06/2006