O Globo (01.12.2005)
O mineiro Oscar Dias Corrêa começou a rabiscar “historietas de menino”, como ele próprio definiu, aos 8 anos. Nascido em Itaúna em 1 de fevereiro de 1921, ele lançou o primeiro de seus mais de 20 livros em 1949. Em 1989 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira 28 da casa. Mas não foi na literatura, e sim na magistratura e na política que Dias Corrêa iria deixar sua marca mais forte na vida brasileira.
Formado em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1943, com apenas 25 anos foi eleito, em 1947, deputado estadual, iniciando uma longa e produtiva carreira pública que o levou a passar pelos três poderes: foi secretário de Educação de Minas Gerais (no governo Magalhães Pinto, em 1961), deputado federal por cinco legislaturas (eleito em 1955, tornando-se depois líder da bancada da UDN), ministro do Supremo Tribunal Federal, presidente do Superior Tribunal Eleitoral e, em 1989, tornou-se ministro da Justiça no governo do presidente José Sarney.
Atuante também na área acadêmica, Dias Corrêa foi professor de economia política e de direito do trabalho na UFMG, na Universidade do Brasil, na PUC de Minas Gerais e também ocupou o cargo de diretor da Faculdade de Direito da Uerj (1976-1980).
Para o senador Marco Maciel, Oscar Corrêa foi um ente múltiplo.
- Político e escritor, homem de pensamento e ação. Era o pró-homem da República, cujas virtudes devem servir de exemplo a quantos pretendam exercitar a atividade pública como sinônimo de virtude, fé pública, arte do bem comum e exercício do dever de servir ao povo e às instituições - disse Maciel.
Há alguns anos Dias Corrêa estava doente, mas continuava mantendo sua produção literária e estaria presente hoje na ABL para lançar seu último livro, “Viagem com Dante” (uma edição da Academia com a editora Topbooks), no qual traduz e comenta passagens da “Divina comédia”.
Dias Corrêa morreu ontem de madrugada em sua residência, de insuficiência respiratória, aos 84 anos. A família decidiu homenageá-lo mantendo o lançamento da obra, que acontece hoje, às 17h30m, logo após a tradicional Sessão de Saudade, que começa às 16h, quando sua cadeira será declarada vaga.
O acadêmico foi enterrado ontem no Mausoléu da ABL e deixa viúva, Diva, e os filhos Oscar Júnior e Angela .
05/06/2006 - Atualizada em 04/06/2006