Manuel Bandeira (Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho), professor, poeta, cronista, crítico, historiador literário e professor, nasceu no Recife, PE, em 19 de abril de 1886, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 13 de outubro de 1968.
Filho do engenheiro civil Manuel Carneiro de Sousa Bandeira e de Francelina Ribeiro de Sousa Bandeira. Transferiu-se aos dez anos para o Rio de Janeiro, onde cursou o secundário no Externato do Ginásio Nacional, hoje Colégio Pedro II, de 1897 a 1902, bacharelando-se em letras. Em 1903 matriculou-se na Escola Politécnica de São Paulo para fazer o curso de engenheiro-arquiteto. No ano seguinte abandonou os estudos por motivo de uma grave tuberculose. Praticamente desenganado, aos 18 anos de idade, fez estações de cura em Campanha, MG, Teresópolis e Petrópolis, RJ, e por fim Clavadel, na Suíça, onde se demorou de junho de 1913 a outubro de 1914. Ali teve como companheiros de sanatório o poeta Paul Éluard e sua futura mulher Gala, que depois se casaria com Salvador Dalí. Contrariando os prognósticos, viveu até os 82 anos, criando uma das obras primordiais da moderna poesia brasileira.
De volta ao Brasil, Manuel Bandeira começou a publicar em periódicos. Em 1916 perde a mãe, e em 1917 edita A cinza das horas, no qual reuniu poemas compostos durante o período de tratamento da doença. Os poemas do livro oscilavam entre tendências parnasianas e simbolistas, de acordo com a conhecida classificação, puramente negativa, de Pré-modernismo, fase chamada por Tasso da Silveira de Sincretismo, além de trazer influências diretas da poesia europeia da época. No ano seguinte morre a irmã Maria Cândida, da qual era muito próximo. Em 1919 publicou o segundo livro de poemas, Carnaval. Enquanto o anterior evidenciava as raízes tradicionais de sua cultura e, formalmente, sugeria uma busca da simplicidade, esse segundo livro caracterizava-se por uma deliberada liberdade de composição rítmica. Ao lado de “sonetos que não passam de pastiches parnasianos”, segundo o próprio Bandeira, nele figura o famoso poema “Os sapos”, sátira ao Parnasianismo, que veio a ser declamado, três anos depois, durante a Semana de Arte Moderna, por Ronald de Carvalho. Antecipador de um novo espírito na poesia brasileira, Bandeira foi cognominado, por Mário de Andrade, de “São João Batista do Modernismo”. Em 1920 morre seu pai.
Por intermédio do amigo Ribeiro Couto, Manuel Bandeira, que o receberia na Academia, conheceu os escritores paulistas que, em 1922, lançaram o movimento modernista. Não participou diretamente da Semana, mas colaborou na revista Klaxon e também na Revista de Antropofagia, Lanterna Verde, Terra Roxa e A Revista.
Em 1927, viajou ao Norte do Brasil, até Belém, com escalas em Salvador, Recife, Paraíba, Natal, Fortaleza e São Luís do Maranhão. De 1928 a 1929 permaneceu no Recife como fiscal de bancas examinadoras de preparatórios. Em 1935, foi nomeado inspetor de ensino secundário; em 1938, professor de Literatura Universal no Externato do Colégio Pedro II; em 1942, professor de Literaturas Hispano-americanas na Faculdade Nacional de Filosofia, sendo aposentado por lei especial do Congresso em 1956. Desde 1938, foi membro do Conselho Consultivo do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Seu cinqüentenário, em 19536, equivaleu a uma consagração nacional, coroada pela edição do livro Homenagem a Manuel Bandeira, com os depoimentos de 33 grandes nomes da cultura do país. Recebeu o prêmio da Sociedade Felipe d’Oliveira, pelo conjunto da obra, em 1937, e o prêmio de poesia do Instituto Brasileiro de Educação e Cultura, também pelo conjunto da obra, em 1946.
Durante toda a vida, fez crítica de artes plásticas, crítica literária e musical para vários jornais e revistas. Em 1925, colaborou na seção “Mês Modernista” do jornal A Noite, na revista A Ideia Ilustrada e como crítico musical para o Diário Nacional, de São Paulo; em 1930 e 1931, escreveu crítica de cinema para o Diário da Noite, do Rio de Janeiro, e para A Província, do Recife; em 1941, fez crítica de artes plásticas em A Manhã, do Rio de Janeiro; em 1954, publicou De poetas e de poesia (reunião de textos de crítica); em 1955, começou a escrever crônicas para o Jornal do Brasil; de 1961 a 1963, escreveu crônicas semanais para o programa “Quadrante”, da Rádio Ministério da Educação; de 1963 a 1964, para os programas “Vozes da Cidade” e “Grandes poetas do Brasil”, da Rádio Roquette-Pinto.
Como crítico de arte, Manuel Bandeira revelou particular afeição pelas velhas igrejas coloniais da Bahia e de Minas Gerais, pela arte arquitetônica dos conventos e dos velhos casarões portugueses da Bahia e do Rio de Janeiro, e pelas formas singelas das mais humildes igrejas do interior.
Como crítico de literatura e historiador literário, revelou-se sempre um humanista. Consagrou-se pelo estudo sobre as Cartas chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga, pelo esboço biográfico Gonçalves Dias, além de ter organizado várias antologias de poetas brasileiros e publicado o estudo Apresentação da poesia brasileira (1946). Em 1954, publicou o livro de memórias Itinerário de Pasárgada, no qual, além de suas memórias, expõe todo o seu conhecimento sobre as formas e técnicas de poesia, o processo da sua aprendizagem literária e as sutilezas da criação poética. Sua obra foi reunida nos dois volumes Poesia e prosa, pela editora José Aguilar, em 1958, contendo numerosos estudos críticos e biográficos.
Sua morte foi sentida nacionalmente como a perda de uma espécie de muito querido patrono e decano da poesia brasileira.
Terceiro ocupante da Cadeira 24, foi eleito em 29 de agosto de 1940, na sucessão de Luís Guimarães Filho, e recebido pelo Acadêmico Ribeiro Couto em 30 de novembro de 1940. Recebeu os Acadêmicos Peregrino Júnior e Afonso Arinos de Melo Franco. Foi sucedido por Ciro dos Anjos