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Depois da América bolivariana

 

Os recentes novos governos da América Latina, o do Chile e o do México, marcam claro desgarre dos modelos clássicos de esquerda nas políticas de desenvolvimento. Peña Nieto, no México, avança na privatização de toda a infraestrutura de produção elétrica no país. Bachelet, no Chile, continua o silêncio da perplexidade, para definir, no seu programa, o contraste com o conservadorismo nítido que a precedeu.

Esse pano de fundo faz avultar a crise dos países bolivarianos, a partir da Venezuela, na adoção da rigidez, chegando à utopia, com o anti-imperialismo de Chávez. O sucesso de 2004 a 2008 nasceu do clássico padrão dos ganhos das exportações, quando o barril de petróleo passou de US$ 10 para US$ 150. Mas, dessa avalanche de recursos, não decolaram uma efetiva política de mudança estrutural e o sucesso de uma redistribuição de rendas. Melancolicamente, a Venezuela de 2012, que chegou a 10,5% de crescimento do PIB, cai a 1,6%, a conviver com uma inflação de 54%.

Se pode servir de consolo, na banda atlântica do continente, a Argentina do “milagre da soja”, também nos inícios de 2000, devido aos impasses do governo Kirchner, mergulha em uma inflação de 23%. E, segundo o modelo de Caracas, a economia equatoriana só sobrevive pelo maciço e ostensivo auxílio chinês.

Por outro lado, é pelas guinadas antibolivarianas que a Bolívia apresenta, agora, a maior expansão do PNB, de 6,5%, e a conquista de reservas de 50% sobre a poupança nacional. Abriam-se com resultados positivos, também dentro da mesma mudança econômica, neste último quinquênio, a Nicarágua e o Uruguai.

É enorme o contraste com que se define a atual experiência brasileira, na pauta do concurso público-privado para a mudança e no inédito do carreio, em todo o sistema bancário, para as prioridades da mudança. Por força, as contingências eleitorais atrasarão o advento imediato da próxima etapa, vinculado à distribuição de renda, à reforma fiscal e ao ataque à superconcentração da nossa fortuna privada. Mas o destaque, hoje, internacional do país é o desse inédito e irreversível fortalecimento da democracia, de par, por sobre os arreganhos utópicos de uma esquerda obsoleta, com o advento, de vez, do desenvolvimento sustentável.

Jornal do Commercio (RJ), 4/4/2014