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Depois, de vez, das economias regionais

 

A recente Conferência das Nações Unidas, em Viena, voltou-se para o problema fundamental do que seja, hoje, um conceito de regionalização, após a crise financeira de 2008: a nova integração econômica, dos Estados Unidos e da Europa, e, sobretudo do avanço dos BRINCS. Pergunta-se que especial impacto teriam estas mudanças sobre a visão emergente de uma América Latina. E, de saída, por ser, talvez, a área do mundo que continua na sua prospectiva clássica, a seguir prisioneira do contraponto centro e periferia, e o quadro de dependência que ainda manteria com a economia americana. Nesta última vintena, a consciência do antagonismo levou à movimentação política de vários países do hemisfério, a propor-se à confrontação, a partir do movimento do bolivarismo, comandado pela Venezuela de Hugo Chávez. A perspectiva buscava um possível primeiro delineamento de uma economia latinoamericana, a partir dos pressupostos do Mercosul. É nessa mesma medida que evidenciou-se um bolivarismo refratário à busca da iniciativa neste submercado continental, de saída marcado pela sua não-complementaridade, como evidencia a produção da Venezuela, do Equador, ou da Bolívia. Mais ainda, esta contradição mais se agrava, na aposta crescente na exportação petrolífera, no recuo de um possível processo de industrialização, essencial a qualquer ganho de uma política de desenvolvimento e, sobretudo, de sua sustentabilidade.

O que, ao mesmo tempo, no concernente à América Latina, avançou-se, em Viena, foi a superação de uma dominante de polarização geográfica, dentro da força nova das economias da região e, sobretudo, a partir do Brasil. Avança essa dimensão transatlântica, por um lado, do país, aberto para a África, principalmente, para as novas oportunidades de Angola e Moçambique. Nesta riqueza prospectiva do nosso País, somou-se ao dinamismo dos BRICS a própria intracompetição de China e Brasil. É a superexpansão do investimento chinês na África que deparamos, e o seu novo face a face, sobretudo, frente à própria economia brasileira. Nesta mesma linha, não há que pensar na emergência de um bloco dos BRICS, dentro da nova configuração de uma economia global à nossa frente. Mesmo porque discrepam esses países no padrão de seu modelo econômico, no quadro em que a índia exaspera o seu investimento externo, estritamente privado, diante dos padrões de condicionamento estatal -e seu controle - na China e no Brasil. Mas é, também, nesse mesmo limite, que se pode imaginar o teatro imediato para uma globalização não-hegemônica, a fugir da crise de 2008. Apenas começam novas práticas bancárias americanas internacionais, e, especialmente, a partir do IMF, como uma nova política, de larguíssimo alcance, que pode fazer da regulação financeira um diferencial inédito do que se viria antes como um estrito e precário reformismo capitalista. Dela pode sair uma globalização inédita, num salto sobre a prévia e condicionada regionalização, no desenho da prosperidade à nossa frente.

 

Jornal do Commercio (RJ), 8/3/2013