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Participação social e democracia profunda

 

Os 77% de apoio popular a Dilma não vêm de uma súbita onda de êxito. Nasceram, sim, da consolidação maior do que seja, hoje, no Planalto, o avanço das diretrizes e da maturação do governo petista, na convergência de seu aprofundamento democrático na sustentabilidade do desenvolvimento, e, sobretudo, do avanço da inclusão social no país. Começamos a atentar a alguns desses lastros profundos, quando da consolidação da presença da sociedade nas políticas públicas, expressa pela sigla emergente OSC (organização da sociedade civil), que mal entra, ainda, no linguajar político do país.

O que está em causa é, sobretudo, este aprofundamento democrático na organização da sociedade civil e na sua participação efetiva nas políticas públicas nacionais. Vamos dever ao ministro Gilberto Carvalho, hoje, a responsabilidade por este novo marco regulatório, a garantir uma efetiva e inédita interface socioestatal, mobilizando, hoje, já, 7 milhões de brasileiros, a assegurar esse impacto, radicalmente distinto do velho populismo.

O setor estatal, como o privado, está envolvido neste empenho, a garantir a autonomia entre o público e o particular, em novas iniciativas, que indicam a visão dos tempos e o realismo da convocação, enquanto timbram, ambos, na proporcionalidade da parceria, e, sobretudo, na simplificação da prestação de contas dos associados.

Claro, esta arregimentação vai envolver um senso amplo do que ora se desata como iniciativa na sociedade brasileira, de volta à força de seus impulsos, reacordando movimentos como o dos Sem-Terra, ou do associatismo sindical não corporativo. Mas o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência não perde tempo na armação logística das OSCs, enquanto vai ao encalço de um fundo de apoio, convocando a grande empresa, ao lado das diversas estatais, em toda a amplitude federativa. Nesse trabalho, ganharão prioridade a defesa dos direitos humanos, de par com a sustentabilidade do desenvolvimento, e o avanço efetivo de uma justiça ambiental.
 

A direção de Gilberto Carvalho na iniciativa garante-lhe, sobretudo, o avanço efetivo de uma participação social, a que se assegure o amplo laicismo político. E é nesse mesmo limite, e, também, graças à voz do ministro, que se elimina o risco do evangelismo das dinâmicas de poder, como entremostram os movimentos das Igrejas Universais ou Mundiais, trazendo, expressamente, a ação confessional para a negociação das maiorias de governo, e as cobranças das mais tradicionais das clientelas políticas.

A logística de Gilberto Car­valho vai ao extremo oposto, no firme avanço do que seja a verdadeira tomada de cons­ciência que pede a democracia e, sobretudo, o sucesso dos governos petistas. Não é outra a maneira com que se transforma em verdadeira pedagogia pública, e garante, de vez, a continuidade do processo de mudança.

 Jornal do Commercio (RJ), 20/4/2012