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Dilma defronta o superpoder econômico

 

A reunião da presidente Dilma com a cúpula da economia privada do país é marco inédito no aprofundamento da nossa democracia. Reúne a troca ampla de opiniões com a discussão das prioridades no plano de convênio, e das expectativas da prática do lobby, ou a pressão sobre as organizações políticas. Integrou-se, no objetivo da reunião, um quadro de licitações recíprocas entre o que pede o país econômico ao Planalto e o que esse pode sinalizar, na dinâmica do desenvolvimento nacional.

Aos olhos da opinião pública, o que entremostra o encontro é, de logo, a desproporção do peso do capital financeiro no setor produtivo do Brasil, e, ao mesmo tempo, a dualidade dos detentores egrégios do PIB brasileiro. O Itaú Unibanco tem um ativo de R$ 850 bilhões, e o Bradesco, de R$ 761 bilhões, quando qualquer outro protagonista, salvo aVale, não chega a 10% desses mesmos totais.
 
As construtoras civis nivelam-se na ordem de R$ 8 bi entre a Andrade Gutierrez e a Odebrecht, e o grupo Gerdau, a EBX e a GBS, vão a um teto dos 46 bilhões. A macropresença, já, do setor público é a dos R$ 16 bi da Embraer. Na convocatória inédita, a presidente deparou também a extrema desigualdade do setor, que reúne 95% do PIB brasileiro. De toda forma, alinharam-se indiscutíveis prioridades, no que seja, hoje, a inflexão interna do nosso mercado, expressa no pedido de apoio para a aprovação, pelo Congresso, da Resolução n° 72, que derruba os estímulos à importação de produtos por incentivos fiscais.
 
No outro polo do que seja a totalidade da expectativa e da cobrança na Federação das Indústrias de São Paulo, que representa 130 mil empresas, manifestou-se um pouco como o ombudsman cia área, de voz praticamente inaudível, no encontro de Brasília. Exprimiu a reivindicação das indústrias de transformação, o primo pobre do conjunto, mas, ao mesmo tempo, a mais generalizada das indústrias brasileiras. Vão à ladainha de carências, somando, nas suas moléstias, a distorção do câmbio, os juros, e o custo de energia, como frisou Paulo Skaf. Mas às emergências tópicas se anteciparão, sem dúvida, os consensos selvagens, em que a prioridade da guerra financeira internacional e da atitude defensiva do nosso mercado define o compasso final do que ora vimos em Brasília.

Jornal do Commercio (RJ), 30/3/2012