Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > Aprendendo a ser potência

Aprendendo a ser potência

 

Nos novos dados da prosperidade brasileira avulta o da nossa presença internacional, no reconhecimento galopante do Brasil potência. Toda uma nova estatística se refina nesta classificação e no lugar onde estaríamos, entre a oitava e a quinta posição, na década que começa. Mas tornam-se imbatíveis as convergências entre crescimento doPNB, mobilidade social e aprofundamento democrático, inclusive no contraste entre as outras nações continente que despontam fora do velho primeiro mundo.


Aí está o nosso contraponto de prosperidade e democracia frente à China, ou de crescimento e mobilidade coletiva, diante de uma Índia que mantém um conformismo multissecular com seus párias.

 

O fundamental, entretanto, quando saímos de uma globalização hegemôníca é entendermos o quanto é nos capacitamos desse protagonismo dos Brics, voltados para o próprio mercado interno e gigante, pelo advento de condições de bem estar, que saem dos modelos econômicos tão profundamente atingidos pela crise financeira de 2008.


Sobretudo, é nesse quadro o novo Brasil se destaca da América Latin, na tradicional, avança para uma política africana fora do assistencialismo clássico, sobretudo, ganha um vetor depressão mundial no Oriente Médio e na importância da aliança com a Turquia, e no novo enfoque do pro¬blema nuclear do Irã.

 

A diferença fundamental é que, e neste novo planisfério, não há mais centros e periferias e é a coexistência rigorosamente original de naçõescontinente, que torna irreversível a superação da globalização e suas regras de jogo, atingidas pela crise em que ainda submerge na Europa, e pode levar aos malthusianismos migratórios e a uma indefinida economia defensiva.


O mais importante, entretanto, é que a liderança internacional emergente quer desbloquear impasses, na veia ainda do mundo hegemônico nascido da guerra fria. O controle da guerra nuclear não pode ficar apenas com o clube da bomba, mas reclama também a presença de nações desarmadas. Não é outro o intuito brasileiro hoje, atento às políticas de possível intimidação, com apoio dos Estados Unidos, dos ditos espectros de guerra nuclear levantados unilateralmente frente ao Irã no Oriente Médio. A voz de Lula rompe com este contexto e leva à desnuclearízação, no seu debate e interlocução, a uma efetiva política internacional.


Neste quadro que apenas começa, o Brasil tem na manga os trunfos de um exemplo, mas sobretudo, de um paradigma. Seu crescimento do PIB ou a imediata redistribuição de renda encampa o que seja, numa referência cada vez mais transparente aChina e a Índia, o descarte contra todos os velhos consensos de Washington, do que seja o papel do Estado e o bem-estar que se abre para o novo século.


Jornal do Commercio (RJ), 25/6/2010