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Tentando respirar
Sei que opinião individual não interessa. Não importa que, ao contrário do presidente, eu jamais tenha tido o impulso de ouvir filho atrás da porta e sinta engulhos diante de quem acha isso recomendável.
Sei que opinião individual não interessa. Não importa que, ao contrário do presidente, eu jamais tenha tido o impulso de ouvir filho atrás da porta e sinta engulhos diante de quem acha isso recomendável.
Teremos em poucas dias mais confusão estatística provocada pela obsessão do governo Bolsonaro de manipular os números oficiais. O aumento das queimadas na Amazônia e na Mata Atlântica foi negado pelo ministério do Meio-Ambiente, a ponto de haver uma intervenção no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até que a realidade ficou patente.
Os tempos modernos caracterizam-se pela racionalização crescente, dizem os cientistas sociais. Se é verdade que nas culturas mais simples as crenças ditavam o que se devia fazer, com a complexidade do mundo contemporâneo, sobretudo pós-industrialização, a ciência substituiu as crenças.
A compostura do presidente Bolsonaro não é nem de uma pessoa normal, quanto mais a de um presidente da República. Não falar sobre a nossa tragédia sanitária no dia em que chegamos a um morto por minuto, mesmo ao inaugurar um hospital de campanha construído para enfrentar a pandemia, é sinal de desumanidade incomparável. Tropeçou física e metaforicamente nos seus próprios erros.
Terminei em dezembro de 1963 a graduação em economia na Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. No primeiro semestre de 1964, frequentei o Curso de Aperfeiçoamento de Economistas (CAE), antecessor da atual Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
A cena trágica do assassinato cruel de George Floyd em Minneapolis, nos Estados unidos, mais uma vez põe como fratura exposta a situação racial americana, viva em seus requintes de brutalidade e sordidez.
A abreviação consiste no emprego de uma parte da palavra pelo todo. É comum não só no falar coloquial, mas ainda na linguagem cuidada, por brevidade de expressão...
Desperto a cada dia pensando: o que ele vai dizer hoje para nos afligir? Quando digo desperto, deveria dizer despertamos, porque somos, no mínimo, dois terços da população brasileira sofrendo do mesmo mal: a espera da palavra presidencial no puxadinho do ódio frente ao Alvorada.
Em tempos de pandemia, a pulsão individual tem que ser controlada pela realidade, o que é difícil de acontecer. Nos deparamos, então, com situações excêntricas que definem quem está ao lado de quem.
Outro dia um aluno confrontou o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Ayres Britto com uma frase sua: “Não é por temor do abuso que se vai proibir o uso”.
Partidários dos movimentos da sociedade contra o governo acham que não é o momento de fazer protestos nas ruas, pois há o perigo de pessoas se infiltrarem para fazer baderna. Mesmo assim, várias manifestações estão programadas para o próximo domingo e deve haver confronto, apesar de o presidente Bolsonaro ter pedido aos seus seguidores para não se manifestarem. Bolsonaro criticou – com razão – a baderna que aconteceu em Curitiba, em protesto contra o racismo e o fascismo.
Cresci ouvindo histórias da Segunda Guerra. Meus pais eram da Toscana. E os anos de 1943-1944 foram os mais cruéis numa Itália devastada.
A interpretação bolsonarista de que as Forças Armadas têm a função de intervir como Poder Moderador diante de um conflito entre o Executivo e os demais Poderes da República, Legislativo e Judiciário, de acordo com o artigo 142 da Constituição, não tem base jurídica, como ressaltou o parecer da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgado ontem.
Fiz graduação em economia na Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, de 1960 a 1963. Lembro-me vivavemente de Francisco Iglésias, professor de história econômica, nos indicando a leitura do recém-publicado Formação Econômica do Brasil, de Celso Furtado.
O que há de comum entre membros de torcidas organizadas e intelectuais, artistas, políticos e juristas? É que eles, depois de um longo silêncio, acabam de se expressar, por meio de manifestos e na rua, em defesa da nossa ameaçada democracia.