Exauriram-se nestes idos de setembro as possibilidades constitucionais para um terceiro mandato presidencial. Não existe dúvida quanto à propensão nacional para acolhê-lo, quer através de emenda da Carta ou, sobretudo, diante de um plebiscito. É o que refletem as últimas pesquisas do voto espontâneo em Lula, por mais de um terço dos consultados, em distância arrasadora de qualquer outro nome. A decisão contra o Presidente, na sua solidão na grandeza, diante da responsabilidade histórica que o levou ao Planalto.
Ressalta, por aí mesmo, o contraste com Chávez, Corrêa, Morales ou Ortega, todos tão à vontade, no poder, hoje, a exercer Presidências perpétuas, com o assentimento de seus eleitorados. Preocupa hoje, no quadro das periferias, esta regressão latinoamericana, a que se soma o terceiro país em população da América Latina, a Colômbia. Aí está Uribe cedendo à tentação, e perdendo a legitimidade de seu confronto com os vizinhos andinos das equívocas Repúblicas bolivarianas, num repúdio ao amadurecimento democrático do Continente.
Não nos damos conta hoje do prestígio brasileiro lá fora, como o resultado da mantença das regras do jogo sucessório, como vem de sublinhar Obama. O Presidente não continuará no Planalto, nem tem sucessores óbvios, tanto não se deu uma renovação de lideranças, na própria sideração por um Lula no poder. Mas nesse verdadeiro inconsciente coletivo da opção caudalosa e espontânea pelo
continuísmo, agregam-se hoje ao ganho simbólico da caminhada, a fruição efetiva da melhoria do bem-estar público e, sobretudo, a clara contundente redução dos desequilíbrios de renda no país que entra na nova década. Integra-se, na adesão ao homem do Planalto, a percepção desse corolário do desenvolvimento sustentado em que, junto aos avanços da produtividade econômica, torna-se irreversível a decisão pela distribuição de renda e pela nivelação das oportunidades sociais.
MUDANÇA. À nova riqueza brasileira não se somariam, necessariamente, essas conquistas, que colocaram o combate à injustiça social no cerne da mudança. Teríamos chegado a esses mesmos números do PNB, ou a maiores, sem o Bolsa-Família. Mas o país de Lula é o da irreversibilidade deste rumo que desbarata qualquer retornismo clássico da oposição, como a conhecíamos antes da vitoria petista.
O povo de Lula é hoje, antes de tudo, o parceiro de uma caminhada que se beneficia do sucesso tangível e crescente. Não há nomes herdeiros, mas sucessores, no que, a seu tempo, se seguirá à renúncia do terceiro mandato, o passo adiante da trajetória. E o sucesso do PAC a brotar nos próximos meses, no chão mumicipal do Brasil do primeiro alinhamento político, aponta também à escolha nacional conseqüente.
Estes idos de setembro mostram a permanência da popularidade de Lula, em níveis inéditos, para um segundo mandato, que vem oscilando entre 76% e 82%. Avança a regressões mínimas que em nada infletem no patamar básico de opção do Brasil da mudança. E que vai adiante, com o povo de Lula no poder, depois do Lula-lá.
Jornal do Commercio (RJ), 11/9/2009