Nada como o Natal para se dar a uma pessoa um presente de que ela não precisa, não gosta ou para o qual não tem uso. As possibilidades de escolher um presente errado são muito maiores do que as de um presente certo, porque já partem de uma tríplice opção: a pessoa é a certa, mas o presente, errado; o presente é o certo, mas a pessoa, errada; tanto o presente quanto a pessoa é errado e, nesse caso, o principal errado na escolha do presente é você. E não vale a desculpa de que foi comprado com amor ou com a melhor das intenções.
Todos conhecem o conto do americano O. Henry (1862-1910), "Presente de Natal", publicado em 1905 e depois obrigatório em todas as antologias de contos no mundo. É a história de Jim e Della, um casalzinho apaixonado e duro. Suas posses mais valiosas são o relógio de ouro de Jim, que pertenceu a seu pai, infelizmente já sem a corrente, e os cabelos de Della, uma longa cascata de caracóis castanhos, de chamar a atenção. Jim gostaria de dar a Della um pente de concha de tartaruga com armação de ouro, à altura de seus cabelos; e Della gostaria de dar a Jim uma linda corrente de ouro, à altura de seu relógio.
Foi o que fizeram numa noite de Natal. Mas para nada. Della vendera seu cabelo para comprar a corrente. E Jim vendera seu relógio para comprar o pente. Agora só têm um ao outro –e mais apaixonados do que nunca. Desculpe o spoiler.
E sabe o que aconteceu com John Wayne? O grande cowboy do cinema teve um câncer nos anos 1960, tão brabo que perdeu um pulmão. Naturalmente, adquiriu total aversão ao cigarro. Nunca mais tolerou o cheiro e a fumaça. Em 1974, aos 67 anos, ele se apaixonou por Pat Stacy, 35 anos mais nova. O único defeito de Pat era fumar de vez em quando, embora nunca em sua presença. No Natal de 1978, ela resolveu dar um presente de amor a Wayne: parar de fumar.
Mas queria fazer isto de modo teatral, coreográfico, diante das visitas. Pegou todos os pacotes de seu estoque, com dezenas de maços, e, na grande noite, anunciou-lhe sua decisão. E, para provar que falava a sério, atirou-os todos, de uma vez, na lareira.