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O outro capital do Planalto

 

A popularidade de Lula, de 84% de apoio, em fins de governo, não levou o País a dar-se conta ainda, e por inteiro, do novo capital de respeito de que gozamos lá fora. Somamos nisto a expansão da prosperidade com a distribuição de renda e o avanço democrático. É por aí mesmo que nos distinguimos dos outros Brics, neste conjunto de nações que hoje se contrapõe às hegemonias cansadas em que saímos do século XX.


Neste avanço do processo político, respeitamos a Carta Magna, e não cedemos à tentação de um terceiro mandato para Lula.E assistimos agora ao quanto a polícia atinge o núcleo da corrupção dos poderes, e o Conselho Nacional de Justiça chega ao Judiciário e começa a demolir o seu nepotismo crônico.  


Destacando-nos, de vez, das molduras latino-americanas, só se agudiza o contraponto entre o governo de Lula e a Venezuela de Chávez, presa à idolatria de um presidente a romper com as liberdades públicas elementares, e a abastardar a democracia nos simulacros de uma dita república bolivariana.


É, entretanto, já no âmbito internacional que começa a se delinear ainda o esforço brasileiro para as políticas de hegemonia, buscando o processo democrático da nova globalização.


A aliança com o Irã ou a Turquia vai de fato a uma conquista efetiva da paz, só possível quando o clube da bomba abrir-se a todas as nações, ou a Europa render-se à política migratória fora dos funda-mentalismos crescentes das migrações muçulmanas, árabes como turcas.

 

Não é, por outro lado,pelo Mercosul que crescerá o Brasil da nova década, mas pela assunção decidida do perfil dos Brics, de imensas nações continentais, voltadas para o seu mercado interno, num pro-tagonismo de coexistência e não de clássicas e saturadas relações de centro e periferia.


A voz do Brasil neste, contexto, por força, incomodou e leva a novas alianças pressentidas no Oriente Médio e na África do Norte, em outra abordagem para atingir-se a cadeira permanente no Conselho de Segurança. As costuras e recosturas do G-20 já mostram a perda, de vez, do alinhamento hegemônico para decisão internacional. 


Nesse quadro o governo Lula chega a seu término com um só ministro do Exterior. No contrário da improvisação ou do remedo, uma vontade política externa soube acompanhar e mesmo exceder a maturação política e decisiva do "povo de Lula".


Jornal do Commercio(RJ), 26/7/2010