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O Brasil e uma obsoleta América Latina

 

Os dias após a discutibilíssima vitória de Maduro, na Venezuela, aceleraram a reformulação da carta política da América Latina. Deparamos esse avanço de instabilidades imprevisíveis, ainda há semanas, neste colapso político do pós-chavismo, no impacto sobre o dito "mundo bolivariano". Não há sucessores para o "semideus de Caracas", não obstante o que representa, por exemplo, o protagonismo equatoriano de Corrêa, pelas próprias limitações geopolíticas do país. A passagem de Maduro à defensiva, num regime quase acuado, antevê um fraccionalismo interno e, quem sabe, o espectro de uma guerra civil, com a oposição de Capriles. Mas, de logo, o que também se vislumbra é a eventual do assistencialismo financeiro da Venezuela, vital, hoje, para o sustento de Cuba, da Nicarágua e, mesmo, de Honduras.

Só realçaria, aí, em contraponto, a mudança de escala do nosso marco continental e nossa crescente presença na África, no peso de nossos fundos de assistência ao continente. Mas é, sobretudo, num destrave dos velhos regionalismos que deparamos a emergência dos Brics e, neles, o novo "vis-à-vis" Brasil-China.

Mal começa esse confronto, por exemplo, na África portuguesa, pelo passo a passo com que, ali, Pequim e Brasília entram numa disputa absolutamente impensável no começo do século. E é já nessa desorbitação do novo e gigantesco cenário que, na China, já se ouve falar no imperialismo brasileiro, na ascendência que temos sobre o Paraguai e a Bolívia, quase que, já, numa relação econômica assistencial. Mas, de toda forma, a transformar o bilateralismo na inevitável dominante, típico das nossas velhas relações continentais.

Se é a Alba que morre com Maduro, difícil é imaginar-se, também, que o Mercosul venha à vigência de efetivas relações internacionais do continente. E tal, sem se falar, ainda, dos desgarres no Pacífico e das promessas para o Chile daquele crescente mercado de ultramar. De toda forma - e de vez -, vira-se a página das antigas confrontações centro e periferia do século passado, como do bolivarismo, que se queria como a sua sôfrega réplica em nossos dias.

Jornal do Commercio(RJ), 26/4/2013