Russomano volta aos 35% das opções de voto, em São Paulo, apesar das limitações de seu tempo em televisão, frente aos demais competidores. Depara-se, aí, um alarmante cansaço eleitoral na cidade-ponta do país. Nem projeto especial, nem impacto concreto de um programa, por parte do candidato do PRB. E Russomano desponta, inclusive, para além da militância eleitoral de todos os pentecostalismo reunidos. Haveria de falar numa esperança bruta do novo, atentando-se ao pequeno percentual dos que não pretendem ir às urnas.
No quadro nacional, parece, também, amortecida a vaga inicial do moralismo como mobilizador de votos, coincidindo com a condição inédita do julgamento-espetáculo do mensalão pelo Supremo. Supera-se o momentum de há um mês, pela informação mediática ao eleitorado, as promessas impossíveis dos candidatos, via de regra associadas às competências federais ou estaduais do portento das obras anunciadas pelas novas vereanças.
De toda forma, parece remoto o impacto temporão das declarações de Marcos Valério envolvendo Lula no mensalão. Passou de muito o tempo da credibilidade dessas acusações, e, dentro da opinião pública, renasce o acompanhamento do processo 470 pelo tamanho das penas combinadas, e das prisões em regime fechado
Desenvolveu-se, ao mesmo tempo, uma visão fundamentalista nos partidos radicais, no modelo do PSOL, na pregação das desconstituições dos sistemas partidários ou na liderança dos verdes, com a distância de Marina, e seu halo de devoção quase litúrgica. O PMDB, como o estuário do óbvio, vai ter como a sua capital-chave o Rio de Janeiro, de Eduardo Paes.
A surpresa de uma renovação ideológica vai ao PSB de Eduardo Campos, no caso exemplar da Prefeitura de Recife. Arranca, também, a força do lulismo, destacado do PT, no pano de fundo da crescente liderança da presidente da República. Seu percentual de aprovação nacional é inédito, neste meio de mandato, via de regra marcado pelas decepções das primeiras expectativas. É nesse crescendo único, quem sabe, que Dilma poderá aproveitar as suas maiorias maciças para avança no ambicioso programa das reformas constitucionais, num alinhar o regime federal às exigências do desenvolvimento. E aí, a trazer a saúde, a educação e a habitação para a iniciativa do Planalto, em outra dimensão que a do atual PAD, e eliminar, de vez, nos repasses de recursos aos Estados e Municípios, a causa dominante da corrupção pública do país.
Jornal do Commercio (RJ), 24/9/2012