No antever-se as eleições de 2014, começam a avultar as estratégias da vitória de Dilma. Mas a evitar, de logo, supostos equivocados do que seja o real peso de suas maiorias e, sobretudo, a partir do efetivo controle de votos pelas alianças partidárias. Não obstante, só se redobram as preocupações do Planalto de manter a envergadura dessas alianças, negociando com todo o minicontingente de voto, que lhes possam trazer quaisquer legendas. Tal de par com o adiamento de alternativas vindouras, a se fixar no alvo de uma estrita candidatura de oposição, assentada no PSDB, e forçando o alinhamento de Eduardo Campos com o situacionismo.
Parece mesmo se institucionalizar o leilão destes novos contingentes, como o da "rede" de Marina, a se declarar neutra, por enquanto, para buscar o melhor preço depois. Não entraram, ainda, nessa bolsa as bancadas evangélicas, todo o contrário de uma força unitária, dispersas na concorrência, do que pedirem ao governo as minicrenças, seus cultos e seus dízimos, implacavelmente contabilizados. Ao mesmo tempo, há que verificar-se como, cada vez mais, se amplia a distância entre o PT e o dito "povo de Lula", seguro de seu voto e, por inteiro, independente de qualquer comando de siglas. É o impacto conjunto da população, saída na última década da marginalidade radical, nos seus 40 milhões de eleitores, assegurados pelo Bolsa Família. Emerge aí uma nova consciência política, que se aparta tanto do PT quanto das formações sindicais clássicas do advento do partido no poder. Os bolsistas só fazem reforçar um novo corporativismo, cientes de seu poder de barganha, mas presos à opção Lula e à sua sequencia, no governo Dilma.
Nem os clamores neorregionalistas do Nordeste, nem o apelo do governador de Pernambuco, infletiram o voto-opção, garantidor, por sua vez, de qualquer impossibilidade de torna ao status quo de há uma década, mesmo dentro do arrazoado reformista de Aécio Neves. O Brasil do "povo de Lula" sabe para onde vai, pelo seu acesso à mobilidade social e ao mercado. Independentemente da defesa contra a inflação, ou de como as novas imposições fiscais impactaram a redistribuição nacional de rendas e do avanço da classe média no país, ainda, dos muito, muito ricos, mas, cada vez menos, dos muito, muito pobres.
Jornal do Commercio (RJ), 12/4/2013