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As diferenças do pós-Lula

 

Os 4% a mais de popularidade de Dilma em relação à de Lula, no seu primeiro trimestre, representaram mais que um simpático crédito inicial de confiança. Cresce um sentimento de solidez no perfil da nova Presidente, na proposta da "continuidade sem continuísmo". E desde já com o destaque de que não vai à encenação estudada, mas num estilo de passar à obra, e desde logo, impor-Ihe o seu sinete.

Na primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência - CDES, indicou esta visão colegiada, na condução da nossa coisa pública, e na convergência trazida, na área econômica, ao discurso de Guido Mantega, e do novo Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. E o recado em causa não é só a amplitude desta política, na multiplicidade de seus pontos de ataque, mas no propósito da Presidente, que arrancou aplausos do Conselho: o da vigilância sobre a abordagem simultânea, da outorga de prazo para a sua execução, e do olho, dia e noite, a cobrar-lhe o êxito dos resultados. 

O que se destaca é, sobretudo, esta amplitude da prospectiva, para concatenação entre o econômico e o financeiro, e da sintonia com a dinâmica internacional, dotada de novo e rico cenário, que lhe outorga uma sofisticada prospectiva. Mormente no reconhecer os dois gumes do afluxo dos recursos externos na sua marca predatória de agora, como o maior perigo de avanço inflacionário. 

A alocução, por outro lado, de Palocci, na reunião do CDES - a segunda, desde que assumiu a Casa Civil -, é, também, a do antipersonalismo na condução da rotina do Planalto e, sobretudo, na renovação da burocracia trazida, de vez, a uma nova geração e à cobrança especializada de suas demandas. Já no plano da decidida moção do Estado sobre a nossa infraestrutura, a interveniência sobre a direção da Vale não só vai à diversificação da sua atividade no país, como na atuação de escala sobre a cooperação das grandes empresas, nos efeitos agregados na mudança. Não é outro o impacto que terá a Companhia, de imediato, por exemplo, sobre a recuperação da Usina de Belo Monte, saída das perplexidades ecológicas. 

No timing das urgências do desenvolvimento, sucedem-se, agora, ao Plano Nacional de Educação, o de imediata melhoria do emprego. No eixo dessas novas cooperações interministeriais levanta-se este esforço conjunto do Ministério do Trabalho com o MEC, possibilitando a dinamização do FAT e de seus agentes de mobilização.

Ao lado dos empenhos clássicos das ONGs, como disseminadoras destes recursos, aí está a possível articulação das redes educacionais, trazendo a capacitação, da fábrica, ao aprimoramento contínuo de um "saber-fazer", como capital invisível do desenvolvimento sustentado. Sobretudo, os primeiros "cem dias" de Dilma asseguraram a mola do "salto", no trato do nosso progresso: não transige com a generosidade - até temerária -  da prospectiva, para assegurar a urgência do cotidiano.

Jornal do Commercio (RJ), 6/5/2011