Recebi de meu querido amigo Paulo Lustosa uma mensagem que, além de ser curiosa, corresponde perfeitamente ao estado de espírito que vivemos hoje. Respondendo a uma mensagem minha e de Renata, um vulgar desejo nosso de Feliz Ano Novo, recebemos de volta uma magnífica lembrança, uma espécie de síntese do que gente precisa neste mundo para se sentir bem e ser um pouco mais feliz.
Na parte final de sua mensagem, Paulo Lustosa cria dois ou três pequenos parágrafos, onde inventa a lembrança do que teríamos vivido juntos e, portanto, não podemos esquecer nunca, de modo algum. Da lembrança da ponte que unia o Tocantins ao Maranhão, dos produtos químicos que contaminaram o rio e o povo que nele mergulhou, voltando do mergulho cheio de perebas e de maus tratos, como se tudo não tivesse passado de um mau agouro do Senhor, sem cuidados e sem piedade.
2025 já está aí. Com sua boniteza exposta, milhares de pessoas vivendo nessa beleza, certas de que uma espécie de véspera de um tempo incrível que virá, quando tudo dará certo. Não cabe nenhum tipo de presságio de fim do mundo que nenhum de nós merece. O fim de mundo bíblico onde, na melhor das hipóteses, todos iremos para o Paraíso, gozar com Deus, Maria, Cristo e os outros que nós bem merecemos. Mas ninguém merece um Juízo Final. Deixemos isso para os fanáticos.
Meu final do ano foi calmo. Fiquei feliz em ver a linda festa de Copacabana. Sempre me traz otimismo ver que podemos promover um encontro pacífico com mais de 2,5 milhões de pessoas, num dos cenários mais bonitos do mundo. Se dá certo em 31 de dezembro, pode dar certo sempre. Para isso devemos querer sempre, todos os dias do ano.
Nesses últimos dias de 2024 e, consequentemente, os primeiros deste ano novo, me dediquei a uma série e um livro. O livro, que só não esteve presente na linha lista dos melhores do ano porque só o abri agora, é “Sempre repórter”, de Lillian Ross. Uma pérola que já tinha sido indicada por minha amiga Cora Rónai. Uma coletânea de artigos escritos para a revista The New Yorker, de uma jornalista humanista que viveu até os 100 anos. Da inocência ao sabermos da alegria tímida de Julie Andrews ao ver seu nome na marquise da Broadway a uma espécie de diário íntimo que ela generosamente compartilha, descrevendo os momentos preciosos em que ela passa ao lado de Ernest Hemingway em maio de 1950. Tudo nesse livro nos remete à importância de estarmos no lugar certo, na hora certa e nunca desistir do que realmente nos importa.
Outra distração foi assistir “Feud”, na Star+. Dica de outra amiga, Patricia Kogut, é uma série com duas temporadas com temas diferentes. A primeira trata da relação entre Bette Davis e Joan Crawford. Inimigas hollywoodianas desde sempre, nos conta, ficcionalmente, os bastidores de “O que terá acontecido a Baby Jane?”. Imperdível, mesmo para quem não sabe quem é a dona dos “Baby Jane Eyes”. Começarei logo a segunda temporada, que é sobre Truman Capote. Ruth Aquino maratonou. Vou atrás da dica.