Perdão pelo óbvio, mas a música popular de um país não se faz de hit parades. Leva décadas e compreende gerações de compositores, letristas e intérpretes. É parte, ou devia ser, do patrimônio cultural, e mais ainda no Brasil, com sua extraordinária produção desde pelo menos os anos 1920.
No seu aniversário, O Globo pediu minha lista das 20 maiores músicas brasileiras desde 1925. Aceitei e, ao fazê-la, não me baseei no meu gosto pessoal nem na complexidade das canções, inacessível a leigos como eu. Listei —por ordem cronológica— os títulos que abriram caminhos, firmaram um gênero, consolidaram um ritmo.
Minha lista foi: 1. "Se Você Jurar" (Ismael Silva-Newton Bastos-Francisco Alves, 1931); 2. "Feitio de Oração" (Noel Rosa-Vadico, 1933); 3. "Agora É Cinza" (Bide-Marçal, 1934); 4. "Cidade Maravilhosa" (André Filho, 1935); 5. "Chão de Estrelas" (Orestes Barbosa-Silvio Caldas, 1937); 6. "Carinhoso" (Pixinguinha, 1937); 7. "Aquarela do Brasil" (Ary Barroso, 1939); 8; "O que É que a Baiana Tem?" (Dorival Caymmi, 1939); 9. "Baião" (Humberto Teixeira-Luiz Gonzaga, 1946); 10. "Ninguém me Ama" (Antonio Maria-Fernando Lobo, 1952);
11. "A Voz do Morro" (Zé Kéti, 1955); 12. "A Noite do Meu Bem" (Dolores Duran, 1958); 13. "Chega de Saudade" (Tom Jobim-Vinicius de Moraes, 1958); 14. "Quero Morrer no Carnaval" (Luiz Antonio-Eurico Campos, 1961); 15. "Garota de Ipanema" (Tom Jobim-Vinicius de Moraes, 1962); 16. "Tropicália" (Caetano Veloso, 1967); 17. "Aquele Abraço" (Gilberto Gil, 1969); 18. "Foi um Rio que Passou em Minha Vida" (Paulinho da Viola, 1970); 19. "Construção" (Chico Buarque, 1971); 20. "Águas de Março" (Tom Jobim, 1972).
A lista continha sambas, choros, marchinhas de Carnaval, baiões, sambas-canção, bossa nova, gêneros em que se dividia a musica popular brasileira antes de tudo se reduzir à boba sigla "MPB". E, se não pude avançar mais no tempo, foi porque tinha de me limitar a 20. Não me diga que "faltou" esta ou que "me esqueci" daquela. Faça a sua própria lista, e ela será perfeita para você.